CARNACOVID – Prefeitura de São Mateus minimiza aglomerações e propaga que Guriri teve ‘Carnaval da conscientização e enfrentamento à covid’

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A Prefeitura de São Mateus minimizou, em nota publicada nesta quinta-feira (18/02), o fato de a gestão municipal não ter conseguido eficácia na fiscalização às determinações do Decreto de Carnaval (nº 12.306/2021), assinado pelo prefeito Daniel Santana, que tem o objetivo de evitar aglomerações de pessoas com proibição de som alto nas ruas, na orla da praia e nas casas em São Mateus e, especialmente no Balnenário de Guriri até 21 de fevereiro.

Conforme o CENSURA ZERO publicou, o esquema montado não deu conta de conter o ímpeto dos foliões, extrapolando a capacidade de atuação da Polícia Militar, o que gerou até denúncias de moradores ao Ministério Público Estadual.

Vale registrar que, até quinta-feira (12/02), início do período de Carnaval, Guriri era o bairro considerado epicentro da covid-19 em São Mateus, com 1,258 casos confirmados, 1.159 curados e 17 mortes. Outros bairros que mereciam atenção especial eram Sernamby (476 casos e 6 mortes), Boa Vista (335 casos e 5 mortes), Centro (249 casos e 5 mortes), Boa Vista (152 casos e 6 mortes) e 197 casos e 4 mortes).

“Foram distribuídos 7 mil kits contendo folhetos educativos para prevenção do coronavírus e doenças sexualmente transmissíveis (DST), máscaras e preservativos, em sete barreiras sanitárias, incluindo Barra Nova, Urussuquara e Guriri, que recebeu o maior fluxo de turistas”, afirmou nota da Prefeitura de São Mateus, que propagou: “Em Guriri, Carnaval da conscientização e enfrentamento à Covid”.

Membros da equipe de fiscalização da Prefeitura de São Mateus em Guriri.

De quinta-feira (12/02) até terça-feira de Carnaval (16/02), foram registrados muitos pontos de aglomeração de foliões, com som alto ostentando bebidas e até dança com armas, sem a intervenção da fiscalização. Moradores denunciaram que a Polícia Militar, sobrecarregada, demorava em média duas horas para atender ao comunicado de aglomeração. Em outras situações, não conseguia chegar. [veja matérias abaixo]

A Secretaria Municipal de Comunicação Social destaca, em nota no site da PMSM, que a “força tarefa foi formada por equipes das Secretarias Municipais de Saúde, Defesa Social e Comunicação, com o suporte da Guarda Municipal, Vigilância Sanitária, Fiscalização e apoio das Polícias Militar e Civil, no período de Carnaval em Guriri.

“Embora alguns grupos de pessoas tenham deixado a desejar no quesito adesão à causa, o que também já era esperado”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Henrique Follador, destacando que “o saldo do esforço foi bastante positivo”.

O secretário admitiu que houve um “elevado número de denúncias”, o que motivou um número de ações de fiscalização acima do previsto pela Prefeitura de São Mateus, mediante todas as proibições impostas pelo decreto assinado pelo prefeito Daniel Santana.

No entanto, Henrique Follador disse que “foi um Carnaval dentro das expectativas”.

Integrante da equipe de fiscalização da Prefeitura de São Mateus em ação em Guriri.

FISCALIZAÇÃO FROUXA

A nota do site da Prefeitura de São Mateus destaca também que, “durante todo o período, a força tarefa contou ainda com a contribuição de grande número de pessoas que, em sua maioria, queria aproveitar o feriado para descansar, mantendo-se longe de aglomerações”.

Ao contrário da fiscalização em outros balneários capixabas tradicionalmente procurados por turistas no Carnaval, como Conceição da Barra, Aracruz e Guarapari, em Guriri não teve uso de carro de som para alertar foliões infratores sobre as proibições dos decretos nem restrições nas barreiras a acesso de turistas em carros e ônibus de turismo.

O Decreto Municipal, assinado pelo prefeito Daniel Santana, no dia 5/12, teve pouca divulgação por parte da gestão municipal, que não elaborou campanhas de conscientização. Somente nos dois dias anteriores à vigência das normas, em 11 de fevereiro, é que houve destaque às restrições, mesmo assim devido a matérias jornalísticas da Imprensa.

Conforme a Secretaria de Comunicação, “o balanço das ações está sendo apurado e deverá ser divulgado até segunda-feira (22)”.

Membros da equipe de fiscalização da Prefeitura de São Mateus em Guriri.

ENQUETE

Em enquete realizada pelo CENSURA ZERO nas redes sociais, os moradores/internautas mostraram-se divididos ao responder ao seguinte questionamento: “Guriri foi recordista de aglomerações e desobediência às restrições por causa da covid no Carnaval no ES. De quem foi a culpa?

Zete Ziviani opinou: “Na verdade, houve um pouco de tudo. As autoridades que não fizeram nada para impedir que o balneário não chegasse ao ponto que chegou, e os turistas irresponsáveis, abusados, incompetentes que colocaram suas vidas e dos próximos a mercê desse vírus. (…) Todos nós sabemos que o tal prefeito não fez questão nenhuma de fazer valer a sua autoridade e fazer também valer as regras citadas pelos seus superiores, porque desde então o governador e o secretário de saúde citaram que não poderia ter aglomeração nos bares, na praia, em locais fechados, etc. Só que aqui, em Guriri, foi o contrário: tivemos tudo isso e mais um pouco. (…) Foi o que aconteceu, uma verdadeira desorganização.

Adriana Araújo comentou na enquete: “A culpa não é do prefeito, a culpa é de quem foi lá sem pensar nos avós, pai e mãe que ficam em casa se cuidando. Povinho irresponsável, sem noção”.

Integrante da equipe de fiscalização da Prefeitura de São Mateus atuando em barreira sanitária.
Centro de Guriri com registro de aglomeração, já na noite de quinta-feira (12/02). O número de foliões ampliou nos outros dias do Carnaval.

Leila Costa deixou registrada a opinião dela: “Culpa das autoridades incompetentes, que não providenciaram fiscalização, para evitar essa aglomeração. Culpa das pessoas sem consciência, e falta de respeito. Frequentando esses locais, sabendo que estamos vivenciando um momento muito crítico da covid. Lamentável!”

Janete da Silva Miossi também deixou a opinião dela: “Discordo. Não estou defendendo. A culpa, em primeiro lugar, é daquelas pessoas que estavam lá. O prefeito não foi buscar ninguém em casa. Todos sabiam dos riscos. Aliás só riscos”.

Outra que participou foi Zelma Castelan: “Iniciativa e determinação é tudo. Em Guarapari, não teve feriado de Carnaval. E foi proibida a entrada de ônibus de turismo. Lá, os dias foram tranquilos, comerciantes trabalharam normal. E não teve as ações policiais que teve por aqui”.

CÂMARA DE VEREADORES

Apesar da grande repercussão das aglomerações durante o Carnaval em Guriri, com alto índice de descumprimento ao Decreto Municipal nº 12.306/2021,com restrições por conta da pandemia da covid-19, nenhum vereador de São Mateus fez declaração pública sobre o assunto durante o período de Carnaval.

O assunto também não foi abordado por nenhum parlamentar na sessão ordinária realizada nesta quinta-feira (18/02).

Sem fazer ao referência ao decreto municipal ou a Guriri, a vereador Ciety Cerqueira afirmou genericamente que muitas pessoas passaram o Carnaval fora de casa, destacando que “a conta vai chegar”. Como sempre faz nas sessões, ela apresentou solidariedade aos familiares das vítimas fatais da covid-19 no Brasil.

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