
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) realizou, na manhã de terça-feira (25/11), uma ação fiscal e técnica no local do desabamento de um muro de contenção em Piúma. A equipe multidisciplinar esteve reunida na Prefeitura com representantes da Defesa Civil municipal e o vice-prefeito, antes de se deslocar para a vistoria no local do acidente.
Durante a análise documental, foram identificadas inconsistências entre o projeto aprovado e a execução da obra. O projeto registrado previa estrutura em concreto armado, porém o muro foi construído com blocos de concreto, além da ausência de Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs) referentes à terraplanagem e a fases essenciais do empreendimento.
Segundo o presidente do Crea-ES, engenheiro Jorge Silva, as divergências são graves e precisam ser apuradas com rigor. “Quando uma obra é executada de maneira diferente do que está aprovado tecnicamente, a segurança é colocada em risco. É para evitar situações como essa que o sistema profissional existe e atua”, reforçou.
Colapso parcial
Na vistoria realizada no local, foi constatado colapso parcial da estrutura. A equipe observou ainda a presença de diferentes tipos de solo com forte tendência à saturação, além da ausência de drenagem adequada — condições que podem ter favorecido o deslizamento.
O gerente de fiscalização do Conselho engenheiro civil Leonardo Leal destacou que as condições climáticas recentes também tiveram influência: “A combinação de solo saturado por causa das chuvas, falta de drenagem e inadequações estruturais é um alerta crítico. Reforça a necessidade de responsabilidade técnica em todas as etapas”, afirmou.
Durante a atuação, foram ouvidos o proprietário, seu advogado e moradores do entorno. Duas residências próximas foram classificadas em área de risco — sendo recomendada desocupação imediata de uma delas. Outra edificação permanece interditada, aguardando conclusão das perícias.
Obra terceirizada
Após consulta ao sistema do Conselho, verificou-se a existência de ARTs de execução e de projeto, porém a obra foi terceirizada a empresa sem registro no Crea-ES, o que resultará em autuação. Também será exigida ART relativa ao serviço de sondagem.
Jorge Silva reforçou o compromisso institucional com a proteção da sociedade: “O Crea-ES não mede esforços para garantir que obras sigam critérios técnicos e legais. Seguiremos acompanhando este caso até o esclarecimento completo dos fatos”, concluiu.
O Crea-ES realizará análises complementares e seguirá à disposição dos órgãos de Defesa Civil e da Prefeitura para suporte técnico.
CENSURA ZERO – AQUI TEM CONTEÚDO! | REDAÇÃO MULTIMÍDIA | COM INFORMAÇÕES DA ASCOM CREA-ES



