Descoberta de Auschwitz faz 75 anos: ONU relembra Dia Internacional em Homenagem às Vítimas do Holocausto

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A palavra holocausto tem origem grega (holókaustos) e latina (holocaustum), e na história antiga nomeava o sacrifício religioso de animais pelo fogo. Após a Segunda Guerra Mundial, o termo ganhou um novo significado: “homicídio metódico de grande número de pessoas, especialmente judeus e outras minorias étnicas, executado pelo regime nazista”, como descreve o aplicativo do Dicionário Priberam, editado no Brasil e em Portugal.

O genocídio em massa – sistemático e organizado – faz parte da memória de sobreviventes dos campos de concentração. Lá, apenas duas possibilidades existiam para os inimigos do regime: trabalho forçado e extermínio.

Mais de 200 estabelecimentos desse tipo foram criados por nazistas, dentro e fora de território alemão, durante as décadas de 1930 e 1940. Os campos serviam para explorar e eliminar principalmente judeus, mas também ciganos, homossexuais, comunistas, testemunhas de Jeová, pessoas com deficiências físicas e mentais, prisioneiros de guerra soviéticos e poloneses.

O Holocausto é considerado por muitos historiadores como o maior crime já cometido contra a humanidade. “Víamos a fumaça e um fogo enorme ardendo dia e noite, e a Kapo [funcionária também prisioneira da SS alemã] nos dizia ‘vocês vão virar fumaça. Olha aí. Fogo, fumaça, é o que vocês vão virar, se não me obedecerem’”, descreve Lulu Landwehr, ex-prisioneira sobrevivente de Auschwitz (Polônia) no livro de memórias “…E Pilatos lavou as mãos”.

“Quem abriu o nosso vagão [ao chegar a Auschwitz] foi um jovem detento que estava lá há mais tempo. Ele olhou para mim e falou para eu vestir um casaco grande e, para quando eu chegasse em frente ao oficial alemão, dizer em voz alta que eu tinha 18 anos [tinha 13, na verdade]. Assim, me salvei da câmara de gás”, contou à Agência Brasil, Henry Katina. “Selecionavam as pessoas que tinham condições para trabalhar. As que não tinham condições de trabalhar foram imediatamente levados para a câmara de gás”, complementa.

Lulu Landwehr e Henry Katina viviam em cidades distantes a 170 quilômetros na Hungria (Oradea e Halmeu, respectivamente) ocupadas pacificamente por alemães. As duas cidades hoje pertencem à Romênia. Em períodos próximos, os dois foram forçados com suas famílias judias a morar em guetos, e depois foram levados de trem para o campo de concentração e extermínio em Auschwitz. A viagem dela foi em 1º de maio de 1944 e a viagem dele, 22 dias depois.

Apesar de perderem pais e irmãos assassinados pelo regime nazista, os dois tiveram sorte e passaram pouco tempo em Auschwitz. Depois de três meses, ela foi levada com a irmã para um campo de trabalho forçado ainda na Polônia onde fabricava munição. Ele foi trabalhar com pás e picaretas para nivelar terreno que serviria de estação ferroviária no país.

Foto da família de Lulu Landwehr – Lulu Landwehr / Arquivo pessoal

VINDA PARA O BRASIL

As coincidências nas histórias dos dois não terminam aí. Ambos vieram morar no Brasil na década de 1950. Lulu e seu marido, também judeu e foragido de guerra, viveram em São Paulo e depois em Brasília. Henry, após uma passagem no Canadá, veio a Belo Horizonte, onde morava uma irmã. Gostou da cidade e conheceu a mulher com quem é casado até hoje. Lulu morreu em abril do ano passado, aos 93 anos.

Henry, hoje com 89 anos, continua em Belo Horizonte e nesta segunda-feira (27) fará uma palestra na cidade, promovida pela Federação Israelita, pela Secretaria de Cultura e Turismo e pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. O evento marca a passagem do Dia Internacional em Homenagem às Vítimas do Holocausto.

Para o rabino Toive Weitman, as vítimas do holocausto, como Lulu e Henry, “são verdadeiros heróis, que enxergaram o inferno na vida deles e muitos deles, sobreviventes, conseguiram ainda reconstruir família”. E a história pessoal que deixaram registrada ou ainda contam é fundamental porque “a memória do passado ensina às novas gerações” e serve como lição positiva: “transformar a maldade e faz o mundo mais humano.”

DATA INSTITUÍDA EM 2005

A data foi instituída em 2005 pelas Nações Unidas. No 27 de janeiro de 1945, há 75 anos, as tropas soviéticas descobriram o campo de concentração de Auschwitz. Segundo a Unesco, o local foi o maior complexo de extermínio e “o maior centro de assassinatos em escala industrial, construído para implementar o genocídio dos judeus da Europa”.

Conforme a agência da ONU, de 1,1 milhão de indivíduos que foram assassinados em Auschwitz, quase 1 milhão eram judeus. A estimativa é de que no ano de 1944, quando Lulu Landwehr e Henry Katina passaram por Auschwitz, a média de assassinatos tenha sido de seis mil pessoas por dia.

CENSURA ZERO – AQUI TEM CONTEÚDO! | REDAÇÃO MULTIMÍDIA | FONTE: AGÊNCIA BRASIL

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