Num cavalo de pau daqueles de entrar para a história das eleições no Espírito Santo, o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso, desistiu de concorrer ao Governo do Espírito Santo para ser candidato ao Senado, com o apoio do União Brasil, do deputado federal Felipe Rigoni. Com esse movimento, Erick passará a ocupar, no tabuleiro eleitoral capixaba, a casa até então preenchida pelo ex-prefeito de Colatina Sérgio Meneguelli. Agora, em vez de ser candidato a senador, Meneguelli disputará uma cadeira de deputado estadual pelo Republicanos. As informações são do colunista Vitor Vogas, do portal ES 360.
Republicanos, União Brasil, PSC e Patriota formarão uma coligação válida somente na eleição para o Senado e não terão candidato a governador. Como entender o cavalo de pau histórico de Erick? É o que Vigor Vogas explica em sua coluna desta quinta-feira (28/07).
O jornalista cita que, em primeiro lugar, para compreender a operação do presidente da Assembleia, é preciso ter em mente o seguinte: todo o meio político capixaba sabia desde o início – e o próprio Erick na certa tinha consciência disso – que, se insistisse em manter a candidatura ao Governo do Estado, ele estaria entrando numa disputa suicida. Não apenas suicídio eleitoral, mas talvez suicídio político com desdobramentos pós-eleitorais.
Erick agregou o apoio de dois partidos pequenos (o PSC e o Patriota) e de algumas entidades de igrejas evangélicas. Mas a pré-campanha dele ao governo em momento algum empolgou, muito menos deslanchou, o que se traduzia plenamente nos números muito tímidos atingidos por ele em pesquisas eleitorais que chegaram ao conhecimento público (3% das intenções de voto, na melhor hipótese, contra mais de 40% do governador Renato Casagrande).
CASAGRANDE
Além disso, conforme Vitor Vogas, assim como Rigoni – na verdade, mais até que o deputado federal –, Erick entrou na pré-largada da corrida ao Palácio Anchieta destilando críticas ao governo Casagrande. Em entrevista à coluna, apresentou-se sem titubear como candidato de oposição ao governador socialista.
“Tivesse se mantido na disputa, para preservar a mínima coerência, ele só poderia fazer uma campanha de oposição ao atual governo… O que poderia custar-lhe caro num futuro próximo, após a abertura das urnas, em caso de reeleição do atual governador”, analisa Vogas.
Ficando na corrida ao Palácio, Erick teria que assumir o risco de uma campanha cara para o Republicanos (partido que, como é notório, prioriza a eleição de deputados federais), sem a mínima chance de vitória e que, do ponto de vista político, poderia trazer-lhe muitos dissabores e revezes após a eleição.
O colunista de ES 360 analisa que Erick Musso não só ficaria pelo menos dois anos ao relento, sem a proteção legal de um mandato, como poderia ter que suportar os “ventos revanchistas” que poderiam sopram da Cidade Alta: “Só para citar um exemplo, como presidente da Assembleia, ele ainda terá contas de exercícios financeiros a serem apreciadas pelo plenário do Tribunal de Contas do Estado, onde, como não é segredo para ninguém, o governador tem antigos aliados indicados por ele”.
Por intermédio de aliados, Erick jogou a toalha e fez uma recente reaproximação política com o governo Casagrande. Apesar das críticas de Erick – nunca desrespeitosas, como o próprio Casagrande avalia –, essa ponte entre eles nunca foi dinamitada. Como sempre, um dos mediadores do acordo de não beligerância entre os chefes dos dois Poderes foi o vice-presidente da Assembleia e aliado em comum, Marcelo Santos (Podemos).
“Concorrendo ao Senado, Erick ficará mais leve para fazer uma campanha sem críticas diretas a Casagrande. Perdendo ou ganhando, não será acossado, muito menos perseguido por ninguém. Esse é um ponto”, destaca Vogas.
PODE SURPREENDER
No cálculo de Erick Musso, também pesou o seguinte: trocar o governo pelo Senado pode não só ser uma saída estratégica e honrosa para ele. Pode ser, na melhor hipótese, um modo de trocar dois pássaros voando por um na mão.
Concorrendo ao governo, ele só tinha a perder: estava condenado a fazer feio nas urnas. Já disputando o Senado, há esperanças para ele, na avaliação do colunista Vigor Vogas.
Na pior hipótese, ele “cai para cima”, destaca o jornalista de ES 360: “Não leva a única vaga em disputa, mas se projeta bem, como nunca antes, perante o eleitorado capixaba. Com o tempão de TV do União Brasil, somado ao do Republicanos, do PSC e do Patriota, ele poderá se apresentar devidamente e ganhar visibilidade aos olhos da massa de capixabas que até hoje ignoram sua existência. Se perder, mas não fizer feio, pode até se projetar para eleições futuras”.
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