Abílio com o zagueiro Lulinha, no time da AASM em 1994.

Ano de 1994, um tal baixinho chamado Romário ajudou o futebol brasileiro conquistar o tetracampeonato na Copa do Mundo nos Estados Unidos. Em São Mateus, uma cidade do interior do Espírito Santo, outro baixinho, muito parecido com o futebol de Romário, chegava ao futebol capixaba.

Trata-se de Abílio Silva, atacante, que, por coincidência, havia jogado ao lado de Romário no início da carreira, nas divisões de base do Olaria, antes de o Baixinho se transferir para o Vasco da Gama.

Justamente, em 1994, o time do São Mateus tinha um elenco favorito ao título de campeão capixaba.

“O time de 94 não foi campeão por causa da soberba e vaidade. Era um grupo dividido. Ah! Eu sou o melhor, e isso foi o motivo. Havia uma turma de um lado e outra do outro. Tínhamos tudo para ser campeões: torcida, diretores. Às vezes, alguém diz que a diretoria foi a culpada, mas não. A diretoria foi ágil e correta. Fomos nós, jogadores, que deixamos de ganhar por causa da soberba e vaidade”, recorda Abílio.

“Tenho uma grande gratidão pelo técnico João Paulo, que me lançou no futebol. Saí do Olaria e fui para o Tomazinho-RJ com ele, onde conquistamos o título. Em seguida, ele me levou para o Ypiranga, de Manhuaçu-MG. Anos depois, João Paulo foi treinar um time no Qatar e, após dois anos, pediu a minha contratação. Acabei jogando nos Emirados Árabes e fui campeão lá. No Qatar, de 1988 a 89, onde o futebol era amador e tinha um nível muito baixo. Fiz 63 gols e participei de três competições, mas não consegui lidar com o clima, e voltei”.

Gol mais bonito

O gol mais bonito da carreira de Abílio não foi pelo São Mateus, mas, sim, no Campeonato Carioca, no jogo entre Madureira e Bangu: “Fiz um gol de bicicleta da entrada da área. Foi um golaço! Adorei aquele gol. Todos os gols são importantes, mas aquele garantiu nossa vaga no quadrangular da Copa Rio e fomos muito bem. Foi um gol bonito e importante”.

Me inspirei muito no Zico. Um dos melhores do mundo. Eu vivi aquilo tudo. Pra mim, o Zico foi o melhor de todos.

“Glaedson era fera! Moleque rápido, muito talentoso e habilidoso. Ele tinha potencial para jogar em um time grande. Eu, com 33 anos, já não tinha mais idade para isso, mas Glaedson, com 24 anos, tinha futuro brilhante pela frente. Adorei jogar com ele”, destaca Abílio Silva.

“Para o São Mateus voltar a ter estádios lotados é preciso a união de todos. São Mateus é muito forte e o povo ama futebol. O futebol traz alegria para a cidade, isso é indiscutível. O que falta é união, pois a torcida é apaixonada”.

“Eu não tive decepção no futebol, mas sim chateação. Acho que merecia ter jogado num time grande. Sabia que tinha potencial. O que mais me chateou foi não ter conseguido. Fiquei quase cinco anos no Rio de Janeiro tentando, fiz gols contra Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo, na esperança de ser contratado. Tive duas chances de entrar no Flamengo, mas não deu certo. Todos diziam que eu ia jogar num time grande, mas não aconteceu. Fui artilheiro em todos os clubes pequenos do Rio. Talvez devesse ter jogado no Flamengo, mas a vida é assim mesmo”.

Da Baixada Fluminense para Guriri

Nascido em Duque de Caxias-RJ, Abílio Silva escolheu uma ilha para morar e atualmente reside em Guriri. Ele é frequentemente visto caminhando pelas areias da praia.

Aos 63 anos, Abílio tem três filhos: Fabrício, Franciele e Yasmin. Ele vive feliz em união com a esposa, Genilda.

Ultimamente, tem atuado em um espaço que conhece bem, agora como técnico do Pinheiros, time que recebe o nome da cidade do extremo norte capixaba e se prepara para disputar a segunda divisão do futebol do Espírito Santo.

CENSURA ZERO – AQUI TEM CONTEÚDO! | REDAÇÃO MULTIMÍDIA | COLABORAÇÃO: LÉO CUNHA