Existe vida após o futebol. E, para o ex-jogador profissional Édson Cavalini, o futebol continua por meio de seus novos projetos na área esportiva e, principalmente, em sua nova profissão como professor de Educação Física. Casado, pai de uma menina, cristão. Natural de Linhares-ES, Cavalini tem 50 anos e atualmente mora na cidade de Cariacica.

“Descobri, após a vida de atleta, a importância do esporte na minha formação como pessoa. Me preparou para os desafios da vida de maneiras que eu nem imaginava. Coisas como cumprir horários, ser disciplinado, respeitar a hierarquia, trabalhar em equipe e compartilhar experiências foram fundamentais”, destaca o ex-zagueiro da Associação Atlética São Mateus, Desportiva, Rio Branco e Serra, acrescentando que somente percebeu o verdadeiro valor dessa organização após parar de jogar futebol e começar a trabalhar em outros contextos, inclusive com a família no dia a dia.

Em entrevista ao CENSURA ZERO, Édson Cavalini recorda que saiu de Linhares, da escolinha do Industrial, direto para as categorias de base da Desportiva Ferroviária até chegar ao profissional, iniciando a carreira atuando em diversas equipes.

“Fui negociado para o time do Mogi Mirim-SP e retornei para a Associação Atlética de São Mateus. Depois, fui para o Rio Branco e também para o Criciúma, de Santa Catarina. Retornei ao Estado do Espírito Santo para jogar pelo Rio Branco novamente e disputei a 2ª divisão pelo Santos de Barra de São Francisco. Tive passagens pelo Vitória e pelo Serra. Em seguida, atravessei o Atlântico rumo ao futebol da Grécia. O retorno ao futebol brasileiro foi para o Macaé e Americano de Campos-RJ. Voltei ao Estado para jogar pelo Serra, Desportiva, Veneciano (Nova Venécia) e Gel Laranjeiras”, detalha.

Ele destaca que a vida pós-futebol do atleta nem sempre é planejada, e muitos não se preparam para o momento de deixar os gramados: “Muitas vezes, não há preparação, e acredita-se que a vida é só futebol. Eu tive uma lesão no púbis, que dificultou muito. Então, fiquei sem condições de jogar. Meus pais, que eram comerciantes, me influenciaram a mudar, e comecei a trabalhar no comércio. Depois de um tempo, iniciei a faculdade de Educação Física para voltar a trabalhar na área do esporte”.

Cavalini começou a trabalhar nas redes pública e privada de ensino, atuou numa franquia, a R9, com uma escola de futebol até criar o seu projeto próprio, a “Escolinha de Futebol”, em Serra Sede. Além disso, destaca que trabalhou no Instituto Futebol de Rua e dá aulas de ginástica para pessoas da melhor idade.

Momento marcante

Édson Cavalini recorda que, em 1996, a Seleção Brasileira pré-olímpica passou pelo Espírito Santo para realizar um jogo amistoso como preparação para as Olimpíadas de Atlanta. Como o técnico Zagallo não tinha 22 atletas disponíveis para um treino no Estádio Engenheiro Araripe, solicitou à Desportiva Ferroviária, administradora do campo e campeã capixaba daquele ano, que cedesse quatro jogadores do elenco para completar o treino da seleção. Ele, Agnaldo, Ronaldo e Morelato foram os agraciados.

“A seleção do técnico Zagallo contava com jogadores renomados, como Roberto Carlos, Dida, Rivaldo, Bebeto e Ronaldo Fenômeno, e foi um momento inesquecível”, lembra.

Títulos conquistados

Cavalini conquistou cinco títulos de campeão capixaba: em 1996 pela Desportiva Ferroviária, e em 2003, 2004, 2005 e 2008 pelo Serra. Ele aponta que o título mais difícil foi o de 2008, devido às circunstâncias do jogo decisivo: “Tínhamos perdido o primeiro jogo para o Rio Bananal, que tecnicamente era melhor. No entanto, após um início não muito bom na competição, o Serra entrou numa fase ascendente e conseguimos reverter o placar do jogo de ida, levantando a taça. Realmente, foi um título difícil”.

Maracanã

Existe uma lenda entre os atletas de que, se você não jogou no Maracanã, não foi um verdadeiro jogador de futebol. E Cavalini jogou no Estádio Jornalista Mário Filho.

“Claro que isso é apenas um mito, pois há grandes atletas que nunca jogaram lá. No entanto, o Maracanã é um dos maiores palcos do mundo, e ter pisado em seu gramado foi uma experiência incrível. Jogar onde grandes feitos foram realizados por clubes e pela Seleção Brasileira foi, realmente, marcante”.

Fluminense 1 x 2 Serra

O ex-jogador profissional contou ao CZ que jogadores e comissão técnica ficaram muito felizes quando a equipe do Serra caiu na chave do Fluminense na Série C do Campeonato Brasileiro de 1999: “O Serra era uma equipe pouco conhecida no cenário capixaba e nacional,, e enfrentar o Fluminense foi marcante. O Fluminense é um clube extremamente profissional e acredito que nossa vitória tenha sido a única de um time capixaba no Maracanã. Aquela conquista foi muito significativa e nos deu confiança para alcançar coisas maiores”.

Saudosista

Em comparação com o futebol atual, Cavalini vê os jogadores do passado com mais qualidade técnica. “Não que os de hoje não tenham muita qualidade, mas antigamente a gente focava mais nos treinamentos técnicos. Dávamos muita ênfase na parte técnica. Hoje, parece haver uma dificuldade de focar nisso, pois a atenção está dividida em outras áreas do atleta também”, afirma.

O ex-jogador do São Mateus e da Desportiva valoriza o apoio recebido da família para atuar no futebol, frisando o papel “muito importante dela.

“Me deu a estrutura, o apoio para que eu pudesse seguir com meu pensamento, com o meu objetivo e sempre me apoiaram. A gente enfrenta decepções com derrotas ou atuações que não atendem às nossas atuações, e surge um sentimento de frustração e tristeza. Mas tudo isso nos prepara melhor para a vida”, avalia.

Lembrança dos técnicos

Édson Cavalini afirma que teve muitos técnicos que admirou na carreira como jogador de futebol.

Ele cita Nivaldo Santana (in memoriam), Marcos Nunes, Marcos Magalhães e Cosme Eduardo, seu treinador nas categorias de base da Desportiva e que o lançou no time profissional.

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CENSURA ZERO – AQUI TEM CONTEÚDO! | REDAÇÃO MULTIMÍDIA | COLABORAÇÃO: LÉO CUNHA