Organizadores do protesto da Comunidade Mateense em favor do impeachment (cassação do mandato) do prefeito Daniel Santana (sem partido) estão tomando providências junto à Polícia Civil e ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES). A medida ocorre depois que um outdoor de divulgação da manifestação marcada para quarta-feira (19/01) foi destruído por vândalos simpatizantes do atual prefeito. Ao mesmo tempo, nas redes sociais, a milícia digital (gabinete de ódio) que trabalha para Daniel iniciou uma série de ataques a políticos e empresários de São Mateus, acusando-os de darem apoio a representantes da sociedade civil organizada que compõem a comissão organizadora da chamada Carreata da Justiça.
“Um outdoor que havíamos instalado na Rodovia Amocim Leite, podendo ser visto da rodovia de Guriri foi derrubado e destruído, tendo as bases de madeira cortadas com uso de motosserra. Um ato de vandalismo sem tamanho. Temos o direito constitucional de protestar e usar a nossa liberdade de expressão. Por isso, vamos notificar esses fatos à Polícia Civil e ao Ministério Público, e pediremos à Polícia Militar reforço na segurança no nosso evento, marcado para quarta-feira (19). Não vão nos intimidar”, afirmou o líder comunitário, que pediu para não ter o nome publicado, “por motivos de segurança”.
O protesto da próxima quarta-feira (19/01) visa chamar a atenção da Câmara Municipal e do STJ para a gravidade dos fatos apurados por Polícia Federal (PF), Controladoria Geral da União (CGU) e Ministério Público Federal (MPF), com apoio da Justiça Federal, por meio do Tribunal Regional da 2ª Região (TRF-2), no âmbito da Operação Minucius, desencadeada em 28 de setembro de 2021. Na ocasião, Daniel foi apontado pelo superintendente da PF no Espírito Santo, delegado Eugênio Coutinho Ricas, como “o chefe de uma organização criminosa que se apoderou da Prefeitura de São Mateus”. Junto com outros seis investigados, Daniel ficou preso por 10 dias e chegou a ficar afastado do cargo por 90 dias por decisão judicial.
O vice Aílton Caffeu (Cidadania) atuou como prefeito em exercício até o retorno do titular ao cargo em 22 de dezembro, por força de liminar concedida em habeas corpus impetrado no STJ no período do recesso do Judiciário. Na Câmara de São Mateus, segue a tramitação de um processo de impeachment de Daniel Santana, que, para permanecer no cargo, tem uma banca numerosa com alguns dos mais renomados e caros advogados do País, e vem se articulando com lideranças da bancada federal capixaba e do Governo do Estado.
Organizadores da Carreata da Justiça afirmam que, nesse período que está no cargo, Daniel também está negociando vagas de emprego na Prefeitura de São Mateus e oferecendo vantagens a vereadores para escapar da cassação do mandato. Já é constatada uma aproximação dele com os vereadores Cristiano Balanga (que retornou à liderança do Prefeito na Câmara Municipal), Paulo Fundão (presidente da Câmara), Kacio Mendes (vice-presidente), Ciety Cerqueira (1ª secretária) e Adeci de Sena, que recentemente conseguiu de Daniel o atendimento à promessa de campanha de criar a Secretaria Municipal da Pesca, desmembrada da pasta da Agricultura.



POLÍTICOS E EMPRESÁRIOS NA MIRA DO GABINETE DO ÓDIO
Ainda nesse sábado (15/01), poucas horas depois do ato de vandalismo contra o outdoor da manifestação pública Carreata da Justiça, membros da milícia digital (gabinete do ódio) que trabalha para o prefeito Daniel Santana iniciou os ataques com montagens de fake news (notícias falsas) contra políticos e empresários de São Mateus, acusando-os de darem apoio aos organizadores do protesto da Comunidade Mateense. Os materiais seguem sendo compartilhados nas redes sociais e em grupos de WhatsApp neste domingo (16/01), por meio de perfis fakes da milícia digital.
A lista dos políticos achincalhados reúne o vice-prefeito de São Mateus, Aílton Caffeu (Cidadania), que assumiu a Prefeitura por 90 dias recentemente; ex-presidente da Câmara Chiquinho Botelho, que atuou como secretário de Governo na gestão de Caffeu; o líder partidário e advogado Uriel Antônio Moreira, que atuou como superintendente governamental na gestão de Caffeu; o deputado estadual Freitas; o ex-deputado estadual Carlinhos Lyrio, que ficou em 2º lugar na disputa a prefeito de São Mateus em 2020; o ex-prefeito Amadeu Boroto; o ex-candidato a prefeito pelo PRTB Eliezer Nardoto e o líder partidário Clóvis Araújo, que também é empresário.
O gabinete do ódio também está achincalhando os empresários Rui Baromeu (Rede Sim de Rádio e TV/Record News) e Jacimar Zanelato (Emflora/Assenor); e, de forma covarde, volta-se contra mulheres atuantes na Comunidade de Mateus, como a produtora rural Néia Boroto Merlin, servidora pública aposentada Edna Rossim (ex-secretária municipal de Educação) e a líder comunitária Eliane Taufner.


POLÍCIA CIVIL E MINISTÉRIO PÚBLICO
Em entrevista ao CENSURA ZERO, um membro do protesto popular Carreata da Justiça, que preferiu não ser identificado publicamente, orientou os políticos, os empresários e as mulheres citadas a registrarem boletins de ocorrência contra o gabinete do ódio que atua a mando do prefeito Daniel Santana.
Ele destacou que a ação será importante para “chamar à responsabilidade” as autoridades, haja vista que a Secretaria de Estado da Segurança Pública, a Polícia Civil, a Delegacia Especializada de Crimes Eletrônicos e o Ministério Público Estadual têm “amplo conhecimento dessa situação que ocorre em São Mateus”. “As mulheres precisam acionar também a Delegacia da Mulher, porque o que estão fazendo com elas precisa de apuração especializada”, aconselhou, indignado.
“No protesto de quarta-feira, também iremos chamar a atenção para esse problema das fake news [institucionalizadas] em São Mateus. Até em função da atuação da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal contra Daniel, é chegada a hora da Polícia Civil, do Ministério Público Estadual e do Poder Judiciário do Espírito Santo se manifestarem”, salientou o líder comunitário, acrescentando que “a situação de inércia é de causar espanto”.


O OUTRO LADO
O CENSURA ZERO disponibiliza espaço para que políticos, empresários, autoridades, cidadãos e representantes de instituições que tiveram os nomes citados nesta reportagem se manifestem, caso tenham esse interesse.
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