TOM POLÍTICO – Daniel surfa na onda de Casagrande, que retornará a São Mateus após escândalos do camarão VG e da prisão do prefeito por corrupção

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POR LUIZ SILVA*

O prefeito Daniel Santana, o Daniel da Açaí (sem partido), tenta surfar na onda do governador Renato Casagrande (PSB), que marcou para a próxima quinta-feira (14/04) o anúncio oficial da abertura do processo licitatório para a contratação das obras do Complexo de Saúde do Norte do Estado, que inclui o novo prédio do Hospital Roberto Silvares, com investimentos de R$ 300 milhões. E isso tem uma explicação lógica: denunciado como “chefe de uma organização criminosa que se apoderou da Prefeitura de São Mateus”, Daniel luta na Justiça para se manter no cargo e precisa se cacifar para beneficiar aliados políticos com a máquina pública nessas Eleições 2022.

Será a primeira visita do governador Casagrande a São Mateus depois de sete meses. A última agenda dele na Cidade foi no dia 25 de setembro de 2021, quando anunciou um pacote de R$ 17 milhões em obras e ações, fato que ficou meio ofuscado com a realização do rega-bofe do camarão VG, com o gasto público exorbitante de R$ 170 mil ordenado pelo presidente da Câmara, Paulo Fundão (PP).

Sem falar que as fotos das autoridades do Governo do Estado com Daniel da Açaí geraram constrangimento, porque três dias depois, em 28 de setembro, o prefeito seria preso pela Polícia Federal com R$ 400 mil em dinheiro vivo na Operação Minucius, realizada para o cumprimento de sete mandados de prisão temporária e 25 de busca e apreensão. Foi a maior operação já realizada pela PF contra um gestor público no exercício do mandato em todo o território brasileiro.

Soma-se a isso o fato de que o rega-bofe do camarão VG teve licitação irregular, a empresa ganhadora também constou como investigada da Polícia Federal e o empresário, homenageado pela Câmara Municipal por ocasião das comemorações dos 477 anos de São Mateus, estava entre os sete presos na megaoperação da PF. Paulo Fundão, que passou a ser conhecido como Paulinho VG, peitou a Justiça Federal ao pagar os R$ 170 mil depois de ordem judicial para suspensão dos contratos com o Município. Depois, deu uma força ao prefeito integrando a tropa de choque que o livrou do impeachment na Câmara de Vereadores e abriu espaço para Daniel fazer acusações pesadas ao presidente do inquérito da PF, delegado Patrick Cazelli, inclusive com ofensas pessoais e à família dele.

No início de março deste ano, o prefeito Daniel da Açaí acabou denunciado pelo Ministério Público Federal, junto com outras 12 pessoas, por organização criminosa, fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Com o auxílio de uma renomada e cara banca de advogados fez chover recursos para cima do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) e do Tribunal Superior de Justiça (STJ), até conseguir no Supremo Tribunal Federal (STF) uma decisão inusitada. Com parecer contrário da Procuradoria Geral da República (PGR), o ministro Gilmar Mendes ordenou que o processo passe à responsabilidade da Justiça Eleitoral.

Enquanto o MPF recorre ao colegiado do STF, Daniel ganha fôlego à frente da Prefeitura de São Mateus, mas mantém uma gestão sofrível do ponto de vista da qualidade dos serviços públicos e da geração de empregos e renda. Na ânsia de colocar em prática o ‘pacto da vingança 2’ com os vereadores da base, o prefeito tem deixado as unidades de saúde sem médicos e os estudantes sem merenda adequada nas escolas, enquanto os buracos ganham cada vez mais espaço nas ruas e o matagal toma conta dos logradouros da Cidade.

É este o atual cenário do retorno do governador Renato Casagrande a São Mateus. A cerimônia é regional e, certamente, será concorrida, com a presença de políticos, autoridades e lideranças de diversos municípios do norte capixaba em clima de pré-campanha eleitoral.

Se a coluna TOM POLÍTICO pode dar um conselho aos participantes do evento, especialmente aos pré-candidatos, é que tenham cautela com as fotos fazendo ‘joinha’ com o prefeito Daniel da Açaí. Podem até tirá-las, mas deixem os registros em quarentena por alguns dias, para não terem o trabalho de apagá-las às pressas diante de um possível novo escândalo.

Na política de São Mateus, uma bomba ativada por ampulheta, motivos não faltam para isso!

ESTÁ ESCRITO!

“Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem” (Bertolt Brecht)

*LUIZ SILVA é jornalista, escritor e analista político.

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