VEREADOR CASSADO EM SÃO MATEUS – Presidente do Patriota dá explicações sobre ilegalidades comprovadas, reclama que não foi ouvido pela Justiça Eleitoral no processo e diz que Delermano encabeçou defesa jurídica desde notificação do partido

O presidente da Executiva Municipal do Patriota, Francisco Lera, que comandou a organização do partido nas Eleições 2020 em São Mateus, concedeu ao site e canal CENSURA ZERO a primeira entrevista a um veículo de comunicação desde segunda-feira (24/07), quando o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) confirmou a cassação do mandado do vereador Delermano Suim, representante da sigla na Câmara Municipal.

Lera deu sua versão para as irregularidades denunciadas pelo então PSL (atual União Brasil) à Justiça Eleitoral -e posteriormente comprovadas- e reclamou que não foi ouvido no processo que culminou na condenação em primeira instância e, depois, foi confirmada pelo TRE-ES. Segundo Lera, toda a defesa jurídica foi definida por Delermano Suim desde a notificação partidária ainda em 2020.

Conhecido por organizar partidos para a disputa de eleições municipais há muitos anos em São Mateus, Lera traz também a experiência de ter disputado eleições como candidato a vereador e participar de articulações de candidaturas a prefeito. Em 2020, ele não se candidatou e afirma que, por isso, lançou a filha, Louise Martins, para concorrer à Câmara Municipal.

Francisco Lera explica que a chapa do Patriota foi montada com a participação de pré-candidatos próprios e outros que antes estavam se reunindo no grupo do Partido Liberal (PL), como foi o caso de Delermano Suim. Ele relata que, na majoritária, por falta de acordo, o Patriota acabou compondo a coligação dos candidatos Ferreira Júnior (Solidariedade – prefeito) e Dr. Ronaldo Tomazini (PSB – vice-prefeito). O PL lançou chapa solo composta pelos candidatos Nilis Castberg (prefeito) e Coronel Marcos Assis (vice-prefeito).

CANDIDATURAS

Nas Eleições 2020, a chapa do Patriota conquistou nas urnas 3.300 votos no total. Os mais votados foram Delarmano Suim, que obteve 709 votos e foi declarado eleito; Branco (665 votos) e Izac Barcelos (474 votos).

Os problemas apareceram nas candidaturas relacionadas às mulheres. Leila de Guriri teve 191 votos; Mônica Frontino conseguiu 95 votos e Vera Lúcia obteve 4 votos. Mas as demais três candidaturas femininas levantaram suspeitas: Rayane Soares (1 voto); Louise Martins (1 voto); e Stefani de Souza Queiroz (0 voto).

O agravante é que, além da filha Louise Martins, que obteve apenas 1 voto, também compôs a chapa a nora do presidente do Patriota, Rayane Soares de Sá Martins. Questionado pelo CENSURA ZERO sobre a presença de duas candidatas na família e o fato de não receberem apoio nas urnas, já que ambas tiveram apenas 1 voto, o presidente Lera se limitou a dizer que Louise e Rayane sempre estiveram filiadas à legenda e cotadas para integrarem a chapa de vereadores.

Conforme o processo eleitoral, Louise teria substituído Rosiane de Souza Queiroz, que renunciou à candidatura em 8 de outubro. Outro detalhe: Rosiane é mãe de Istefani de Souza Queiroz, que também compunha a chapa de vereadores(as) do Patriota; e Vera Lúcia, que obteve 4 votos, também é nora do dirigente partidário.

Quanto a Istefani, que foi alvo do principal questionamento no processo eleitoral, por não ter obtido nem mesmo o próprio voto, Lera afirmou que a candidata também renunciou alguns dias antes da votação. No processo, Istefani de Souza Queiroz confirma o pedido de renúncia, alegando falta de material para campanha, e diz que teria comunicado essa condição ao partido. No entanto, seus dados foram mantidos na urna eletrônica.

“DELERMANO COMANDOU PARTE JURÍDICA”

Francisco Lera aproveitou a entrevista ao CENSURA ZERO para reclamar que, como presidente do Patriota, não foi ouvido pela Justiça Eleitoral. Ao ser questionado se a defesa não apresentou requerimento para que essa situação fosse corrigida, ele afirmou que, desde a notificação da Justiça Eleitoral ao Patriota, foi Delermano Suim quem tratou com os advogados.

“Isso ocorreu após a diplomação e, como ele era parte interessada, por ter sido declarado eleito, comandou toda essa parte jurídica”, afirmou Lera. Ele frisou também que, após a condenação em primeira instância, o recurso ao Tribunal Regional Eleitoral foi apresentado por advogados de Delermano, que já compunha a base de apoio do prefeito Daniel Santana.

Lera disse que, após a diplomação e a posse do representante do Patriota na Câmara de Vereadores de São Mateus, conversou poucas vezes com Delermano Suim e o partido não teve nenhuma participação nas ações de mandato do vereador cassado.

O OUTRO LADO

O CENSURA ZERO tentou, sem sucesso, contato por telefone celular com o vereador Delermano Suim. Ele também não retornou à mensagem deixada por WhatsApp.

O espaço permanece aberto para possíveis manifestações sobre os assuntos tratados nesta reportagem.

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