É indiscutível a qualidade do karatê brasileiro no cenário mundial. O País é um celeiro de atletas de alto nível em vários esportes, amadores ou olímpicos, apesar de todas as dificuldades. Atletas como Luiz Tatsuke Watanabe, campeão mundial de 1972, numa época em que existia apenas uma entidade de karatê, fez história dentro e fora do País. Douglas Brose, atleta de excelente nível, é outra celebridade colocou o Brasil dentro da história do karatê mundial.

Quem já teve a oportunidade de conhecer o Museu do Karatê em Okinawa, deve ter visto algumas cenas das lutas de Brose sensei no minidocumentário sobre a história do karatê exibido no teatro dentro do Museu.

E é entre essas lendas que se encaixa a nossa entrevistada de hoje. Numa época em que as mulheres lutam pela igualdade de direitos, era de se esperar que uma carateca fizesse sua parte nessa luta. Estamos falando da atleta pinheirense Clênia Alves de Carvalho, que continua colhendo bons frutos no Karatê Capixaba, resultado de muito treinamento e foco no esporte. Ela segue enchendo os olhos de familiares, amigos e pinheirenses de muito orgulho.

Após se sagrar campeã e conquistar a medalha na modalidade kata (espécie de luta imaginária) e vice em Shiai kumite (luta 100% técnica e força), garantindo a vaga na elite do Karatê Capixaba, composta pelos melhores atletas do Estado na modalidade, a pinheirense não se deu por satisfeita e foi mais longe.

Recentemente, ela participou do exame de faixa preta realizado em Vitória, e obteve uma excelente nota, que resultou na aprovação para segundo DAM no esporte (classificação no karatê para evolução de grau). O teste contou com a presença do presidente da Federação Espírito Santense de Karatê (FEK), João Espírito Santo.

Para evoluir de grau, Clênia destaca que treinou incansavelmente por três meses com o Shihan (treinador) Carlos Alberto, de Vitória, profissional pelo qual a atleta tem muita gratidão, admiração e respeito, devido à seriedade e à dedicação com seus alunos.

FAIXA PRETA E VAGA NA SELEÇÃO CAPIXABA

Com essa conquista, Clênia entra para a história do karatê de Pinheiros como a única atleta feminina a alcançar a faixa preta, uma vaga na Seleção Capixaba de Karatê e, de quebra, evoluir de grau.

Em entrevista ao CENSURA ZERO, a atleta disse que está muito feliz e emocionada com o momento épico que está vivendo no karatê, principalmente com os resultados obtidos.

“Nunca imaginava chegar onde estou, tenho que dividir o meu tempo com a minha família, trabalho e karatê. Não é uma tarefa fácil, mas com as graças de Deus, apoio da minha família e, em especial, do meu esposo, que sempre foi compreensivo comigo, e dos meus amigos, que sempre me incentivaram, foi possível conquistar essas vitórias. Dedico essas conquistas a todas as pessoas que torceram pelo meu sucesso. Tudo isso se torna gratificante”, afirmou, emocionada.

Clênia disse que o seu próximo desafio é manter o foco e trabalhar bastante para conquistar uma vaga para disputar o Campeonato Brasileiro de Karatê: “Nada é impossível quando se tem perseverança, foco e fé viva em Deus. Não medirei esforços para alcançar o meu objetivo. Sempre me inspiro numa frase do nosso saudoso e campeão de Fórmula 1, Ayrton Senna: “‘Engraçado, quando acho que cheguei ao ponto máximo, descubro que é possível superá-lo”.

ACADEMIA IMPROVISADA

Superar obstáculos sempre foi o forte de Clênia. Desde quando começou a treinar o esporte, nunca encontrou facilidade para alcançar seus objetivos.

E, para manter o sonho de galgar voos mais altos, ela resolveu montar a sua própria academia de forma improvisada, na garagem de casa, no Bairro Santo Antônio, onde treina e, ao mesmo tempo, ministra aulas para 40 crianças e jovens na faixa etária de 3 a 14 anos, inclusive na residência do próprio aluno.

“Meu objetivo, com a criação das turmas, foi preparar o aluno para a vida. A participação em competições é consequência do aprendizado”, reforça Clênia, que complementa: “No dia a dia com as crianças, o professor tem que gostar do que faz: dar amor, ser paciente, ter didática coerente com as idades dos alunos e conhecer o esporte”.

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