Em coletiva de imprensa, realizada na terça-feira (10/12), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou a primeira morte no Espírito Santo causado pelo vírus Oropouche. O Oropouche é uma arbovirose, ou seja, uma doença causada por vírus transmitidos por artrópodes. Durante a coletiva, apresentada pela Sesa, foi atualizado o cenário da doença no Estado, assim como a situação de outras arboviroses, como dengue e chikungunya.
A apresentação foi feita pelo subsecretario de Estado de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, e pelo diretor do Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES), Rodrigo Rodrigues.
O óbito confirmado é de uma mulher de 61 anos, moradora do município de Fundão. O óbito ocorreu no dia 28 de agosto, e a amostra foi enviada ao Lacen/ES no dia 30, com a primeira confirmação pelo vírus feita no dia seguinte. Entretanto, a equipe realizou uma série de metodologias, para a confirmação final. Dos três óbitos que estavam em investigação pela Sesa, um foi confirmado, um descartado e um segue em investigação.
“A investigação do óbito foi realizada de maneira muito minuciosa, utilizando diferentes métodos para eliminar possíveis causadores e confirmar, de fato, o Oropouche. Testamos a amostra para 295 patógenos e apenas o Oropouche foi detectado”, explicou o diretor do Lacen/ES, Rodrigo Rodrigues, durante a coletiva.
Ministério da Saúde
Segundo boletim do Ministério da Saúde, até a o dia 1º de dezembro foram confirmados 9.609 casos de Oropouche em todo Brasil. No Estado, até esta terça-feira (10), são 2.840 casos confirmados no sistema e-SUS Vigilância em Saúde. Ainda segundo informações do órgão federal, outros três óbitos pelo Oropouche foram confirmados no País, sendo dois registrados no estado da Bahia, e um óbito fetal em Pernambuco.
Ainda durante a apresentação, o subsecretário falou sobre o cenário de casos da doença no Estado. “Os casos apresentaram dois momentos de crescimento, por volta da semana epidemiológica 19 a 21 e depois a partir da semana epidemiológica 41. No primeiro momento, observamos os casos na região noroeste, e nesta segunda onda, com maior prevalência na região sudeste do Espírito Santo. O maruim, transmissor do Oropouche, é muito diferente do Aedes. Ele tem ciclo diferenciado, pois precisa de matéria orgânica, como folhas em decomposição encontradas na zona rural, por exemplo. Não é que não possa estar na zona urbana, ele se adapta muito bem, mas hoje pelos números temos a maior parte na zona rural. E não tem recomendação do uso de inseticida”, frisou Cardoso.
O subsecretário ressaltou também as atividades que vêm sendo realizadas pela Sesa no enfrentamento ao Oropouche, que teve o primeiro caso confirmado no Estado em abril deste ano. Entre os processos estão a instituição de protocolos clínicos destinados aos profissionais de saúde e a realização de capacitações e oficinas por todo território. “Nesta terça-feira (10) estamos com equipe do Instituto Evandro Chagas, do Pará, que é uma referência do Oropouche no Brasil para o trabalho junto aos nossos profissionais na coleta do maruim, transmissor do Oropouche”, lembrou Cardoso.
Na próxima semana, o Estado recebe a equipe técnica do Ministério da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Evandro Chagas e de representantes de demais laboratórios centrais do país com o objetivo de aprimorar os protocolos contra a doença, com destaque à proteção às gestantes.
Cuidados da gestante
Ainda durante a coletiva, os profissionais destacaram os cuidados que as gestantes precisam ter, uma vez que a Sesa já identificou a transmissão vertical do Oropouche em quatro pacientes no Estado, e confirmou um caso de má-formação congênita em um recém-nascido.
“É importante que a gestante possa evitar as áreas onde há presença do mosquito transmissor, principalmente, porque estamos com uma alta incidência da doença e infestação do vetor. Caso não seja possível evitar estar nestes lugares, a orientação é usar roupas com mangas longas e uso de repelentes indicados para gestantes”, orientou o subsecretário Orlei Cardoso.
Em julho deste ano, a Sesa encaminhou aos municípios capixabas a Nota Técnica Nº 10/2024 sobre a vigilância da transmissão vertical do vírus Oropouche. A transmissão vertical ocorre quando há a transmissão de uma infecção ou doença a partir da mãe para o seu feto no útero ou recém-nascido durante o parto.
A nota traz as definições de caso suspeito e a importância da coleta da amostra para a testagem pelo método de biologia molecular. Além disso, reforça a notificação de casos suspeitos de arboviroses no sistema e-SUS Vigilância em Saúde (e-SUS VS) para acompanhamento e investigação das equipes de vigilância municipal e estadual, assim como as medidas de prevenção da doença, as quais os municípios devem fortalecer com a população. A nota técnica Nº 10/2024 está disponível neste link.
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