ARTIGO – A nossa vocação assassina

POR MACIEL DE AGUIAR*

O Brasil jamais ganhou um Prêmio Nobel, enquanto os EUA estão liderando a lista dos maiores vencedores com 420 premiações, o que comprova a cabal incompetência, a enorme ignorância e o péssimo exercício da gestão pública de alguns detentores do poder municipal, estadual e federal.

E qual a relação entre a não premiação do Brasil com os nossos políticos, autoridades e gestores? Por certo, o baixo investimento em pesquisas científicas, a péssima qualidade da educação básica, o desprezo pela cultura, a falta do hábito da leitura e, principalmente, o contexto geopolítico que, atualmente, nos coloca no grupo dos “emergentes”.

Além disso, muitos governantes, jornalistas, executivos, formadores de opinião, autoridades e intelectuais quando não têm inveja dos brasileiros indicados — por mérito próprio e sem a mínima ajuda do Estado —, fingem que não sabem da indicação, desdenham da importância do Prêmio Nobel e ou desprezam a possibilidade de vencermos e, pior, alguns ainda fazem campanha usando as suas “mãos peludas” para fazer chegar à Fundação Nobel, na Suécia, as denúncias de desqualificação da obra e da vida dos indicados para que o prêmio não seja concedido.

Testemunhei o sofrimento do meu amigo e escritor Jorge Amado, que foi muito invejado, atacado e injustiçado durante os anos de sua indicação, até beijar a face da eternidade, em 6 de agosto de 2001 — justamente quando seria um “provável vencedor” — e, um mês após, o Prêmio Nobel foi anunciado para o escritor Vidiadhar Naipaul, um trinitário-britânico, que não tinha a grandiosidade literária de Jorge Amado. Então, graças a muitos invejosos e desafetos, perdemos a nossa melhor e maior oportunidade!

Este é o Brasil real, quando muitos fingem que não sabem da indicação de um cidadão brasileiro ao Prêmio Nobel — escritor, médico, químico, cientista, etc. — e jamais os apoiam, nem mesmo os prefeitos, vereadores, deputados, senadores, governadores, ministros e presidentes, e muito menos valorizam as suas obras, invenções e ou descobertas e, pasmem, nutrem contra os indicados um misto de inveja com vocação assassina.

É que todo indicado ao Prêmio Nobel só deixa de concorrer após a morte, e, por conta disso, muitos torcem mais para ele morrer (quando deixa de concorrer) do que para não ganhar a maior honraria do mundo.

É como entrar para uma Academia de Letras: os que estão fora torcem para quem está dentro morrer e poder ocupar a sua cadeira. Por conta disso, não entro para nenhuma dessas academias do, digamos, “olho gordo”!

Em outubro do próximo ano, 2025, o meu nome, possivelmente, irá para a terceira indicação — a primeira foi feita por uma entidade do Brasil, a segunda por uma instituição da Europa — mas não iremos divulgar a entidade internacional que fará a próxima indicação para não suscitar mais inveja, ataques e retaliações. E, como diz a norma do Prêmio Nobel: “Não se deve fazer campanha e muito menos propaganda de um indicado antes do anúncio do prêmio e somente se conhecerá, oficialmente, quem o indicou após 50 anos”.

Então, em nosso país, muitos torcem, lamentavelmente, não apenas para um brasileiro não ganhar o Prêmio Nobel, mas, sobretudo, que ele morra e deixe de concorrer. Simples, assim!

Os países menores, como as Ilhas Faroe, Luxemburgo, Santa Lúcia, Lituânia, Mianmar e até mesmo Portugal, que já conquistaram o Prêmio Nobel, os seus governantes tanto incentivaram quanto comemoraram as vitórias de seus premiados como uma conquista de todos os cidadãos.

Nos EUA, que lideram o ranking dos maiores vencedores, uma indicação ao Prêmio Nobel é tão valorizada quanto a sua premiação, e, na China, Reino Unido, Alemanha, Índia, Itália, Japão, Canadá, Austrália e França, também acontece a mesma valorização.

No Brasil, o que mais nos impede de ganhar o Prêmio Nobel não é a falta de talento e de capacidade do cidadão brasileiro, mas a inveja de alguns, além da ignorância, o despreparo e a incúria dos nossos governantes, sem falar a nossa “vocação assassina”, enquanto continuamos nos iludindo de que somos “o país do futuro”.

*MACIEL DE AGUIAR é escritor, indicado ao Prêmio Nobel de Literatura. Contatos: @escritormacieldeaguiar | WhatsApp 27 99988-1257

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