ARTIGO – Câmara Municipal de São Mateus: orquestração de absolvição do Prefeito travestida de ‘agenda positiva’

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POR MANOEL ARANHA*

NOTA: Este texto não é recomendável para preguiçosos e, muito menos, para aqueles que concordam com todas as mazelas pelas quais São Mateus está passando e com seus atores. Se você discorda, paciência e boa leitura!

O dia de ontem (01/02/22) foi, para mim, assaz interessante concernente a cidade de São Mateus tanto no contexto político-administrativo-legislativo, quanto na “balangação” nas redes sociais acerca de um dos períodos mais negros da história da Cidade, se não, o mais.

O ponto em questão é o momento político-criminoso que tomou conta do Município com pedido de impeachment do prefeito reeleito em 2020 – defenestrado em 2021 e em seguida reconduzido ao “trono” por força da nossa combalida (in)justiça, atropelando os fatos concretos e consumados em uma gestão sem escrúpulos.

Fatos esses apurados sob a forma de trabalho técnico-científico, jurídico e pericial-criminal incontestes, conduzidos por profissionais de ilibada conduta e competência profissional da Polícia Federal e Ministério Público Federal. Tudo sob os beneplácitos daquela que deveria ser, de fato, uma augusta Casa de Leis. Mas, como? Já que alguns de seus ilustres “moradores” não a fazem por merecer.

O lamentável é ver uma horda da comunidade – algumas delas alçadas, sem condições alguma, de ser vereador –, sobretudo os ASPONES (com ou sem pasta), porém “Amigos do Rei” (talvez mais por interesses), “líderes” comunitários e ditos defensores e representantes do povo. Muitos sequer têm condições de representar a si, muito menos os cidadãos, tamanha falta de preparo desde a formação acadêmica, educacional, profissional, princípios, caráter e conduta – que deveriam ser condição sine quanon para se alçar ao posto de representante dos cidadãos mateenses.

Uma leitura e análise mais amiúde dos discursos dos atores em alguns grupos de WhatsApp e da sessão da Câmara, em especial da fala da recém-empossada vereadora Preta – ex-Cacique, agora de Guriri –, da Comissão Processante do prefeito, de alguns vereadores e do presidente da Casa no dia de ontem, sob a ótica da Análise de Discurso – que é um campo da Linguística e da Comunicação especializado em analisar o uso das falas e de como ocorrem as construções ideológicas verbais e não verbais. A Análise do Discurso explica como se constrói o sentido de um texto.

O discurso é um objeto, ao mesmo tempo linguístico e histórico; entendê-lo requer a análise desses dois elementos simultaneamente. Em resumo, foi o seguinte:

Considerando que o assunto do momento – o impeachment do prefeito Daniel da Açaí – suscita paixões desenfreadas e descomedidas por seu ínfimo, porém barulhento séquito de admiradores e seguidores contumazes, onde se inclui a maioria dos vereadores.

Considerando que, infelizmente, boa parte da população não entende de política, muito menos compreende a sordidez em que a maioria transformam-na; sendo tão somente empreenhada pelos “entendidos” e oportunistas que nela gravitam.

Considerando que a maioria dos grupos ditos de política no WhatsApp é formado por interesses ideológicos e outros muito específicos, e não para discutir a política no seu todo e os problemas da Cidade – vejo muito falatório vazio que não leva a lugar algum. Ou melhor, leva, sim, ao esvaziamento ou não participação ativa nos grupos, onde alguns têm propósitos louváveis, criando-se, assim, inimizades desnecessárias.

Política se faz com altruísmo, argumentos, negociação, propostas exequíveis e concretas, e não com achismos e atitudes pueris e subservientes. Que o digam os que estão vereadores – muitos pensam que são – que se perfilaram em defesa do indefensável dono do trono do “reino” de São Mateus.

Quem deveria estar ao lado do povo, dos eleitores e da verdade, sendo imparcial, vem adotando uma postura parcial, oportunista e decrépita. Certamente estarão vereadores (nem sei se é possível nominá-los assim, de tão obtusos que alguns são) de um só mandato, com fé em Deus. Façam seu “pé de meia” enquanto é tempo.

Decepcionante o discurso da estreante, da “menina que entrou e sentou logo na janela”. Falou “pisando em ovos” para não se comprometer e, muito menos, falar o que não deveria. Comprometimento somente com “salvar a pele do rei”.

Em seu discurso, ficou evidenciado o quanto “custou” estar ali. Como foi duro e sofrido. Penso até ser um querer (ou vaidade?) muito grande de estar vereadora, mesmo depois da traição que sofreu do seu partido e daqueles que deveriam ser seus aliados e companheiros de viagem na última eleição. O que fizeram com ela foi muito doído, porém, cada um sabe o que quer da vida.

Agora, o “Cara” mesmo é o presidente da Casa. Engole quase todos seus pares com um discurso de estadista, “a la na veia jugular”, sem precisar de muito esforço. Também, com alguns daqueles pares não precisa falar mais do que bonito. Para quem não sabe quase nada, pouco é muito.

O “cara” é uma “ave de rapina”, suas palavras têm nome, endereço, CPF e celular: ‘PMSM, estou de olho em você, quero te namorar e me casar com você em 2024’. Preparo e experiência ele possui.

Há de se respeitar sua eloquência e jogo discursal. Sua proposta de “Agenda (pessoal) Positiva” até mereceria atenção em outro momento e em outras condições, mas neste momento não dá para sobrepor às necessidades prementes da Cidade. Ele veio cheio de açodamento, maciez e conciliação. Tipo coisa de político bom moço. (…) O eleitorado pode não engolir isso por muito mais tempo. Cuidado para não ter surpresas em seus propósitos “matrimoniais”. Seja autêntico e verdadeiro. Esse “joguinho” pode não dar certo.

É muito nítido o displante a ousadia (para não dizer a cara de pau) de certos vereadores, deputados estaduais, federais, senadores e do governador que cerram os olhos para o que está acontecendo em São Mateus. Tudo em nome de interesses pessoais e político-partidários.

Com o povo mais atento, é hora de “ir pra cima”, melhor, ir pra rua sem trégua, sem dó e nem piedade. Vale tudo: a pé, de carro, moto ou bicicleta. Toda forma de repúdio e indignação vale a pena.

O mateense de bem não pode se curvar às atitudes, gestos ignóbeis e canalhas de políticos e, muito menos, de politiqueiros que estão se omitindo e os que estão apoiando um descalabro dessa envergadura.

Senhores, honrem as mentiras e promessas vãs eleitorais. Façam de conta que elas foram de verdade. Saiam nas ruas de cabeça erguida. O povo de São Mateus não merece vocês se comportando de forma rasa como estão fazendo e agindo.

Parabéns, Carlinhos Simião, incansável presidente da Comissão Processante, e aos vereadores que não aceitaram enlamear seus nomes e nem desrespeitar seus eleitores e seus familiares. Dignidade não tem preço. Ela é tudo!

Cumprimentos, infelizmente, ao pequeno grupo de cidadãos que tem lutado de forma incansável contra tudo e todos para que tudo isso não seja em vão.

Cumprimentos ainda ao Portal CENSURA ZERO – André Oliveira e equipe –, pela coragem de mostrar ao povo mateense toda essa sordidez e sujeira, bem como os “políticos” que nela estão engajados. É uma das poucas mídias da Cidade a fazer e ter um trabalho em prol de São Mateus nesse triste e lamentável momento. É muito bom ser comprometido com a busca da verdade. Esse é o verdadeiro papel da imprensa em geral.

Não apoiar e não votar a favor do impeachment do prefeito é não ser digno de estar na politica.

M🕷️🕸️

*MANOEL ARANHA é professor universitário aposentado, morador de Guriri. Guriri-SM-ES. 02/02/22 – 08:00h. Publicado originalmente nas redes sociais pelo autor.

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