POR KLEBER GALVÊAS*
Meu parto estava previsto para acontecer na fazenda do meu avô materno em Divisa, na época, município de Guaçuí, ES, hoje município de Dores do Rio Preto, ES. Meu pai, médico, e duas experientes parteiras locais fariam o serviço. Depois de algumas tentativas frustradas, meu pai achou melhor levar minha mãe para um hospital. O mais próximo ficava em Carangola, MG.
Em Santa Luzia do Carangola, sábado, 13 de dezembro de 1947, dois médicos tentaram com fórceps fazer o parto vaginal. Na época, uma cesariana era o último recurso. Depois de várias tentativas, amassando minha cabeça e quebrando minha clavícula direita, resolveram marcar a cesariana para segunda-feira, 15 de dezembro.
Dia 13 de dezembro é o dia de Santa Luzia, padroeira dos olhos, da visão e de Carangola. Em 1947, esse dia caiu num sábado. Assim, deixaram para fazer o encerramento da grande comemoração no domingo, dia 14, às 16 horas.
O Hospital de Carangola era em frente à igreja matriz da cidade. Minha mãe descansava meio grogue de sedativos, quando às 16 horas centenas de foguetes explodiram ao mesmo tempo, bem perto de onde ela estava. Minha mãe contava que teve a impressão de que o hospital estava desmoronando. Aflita, teve convulsões, e, assim, eu nasci no meio do foguetório, lá no quarto do hospital, amparado por meu pai e enfermeiras.
Depois de alguns dias de descanso em Carangola, minha mãe e eu voltamos para Divisa, onde fui registrado no Cartório do Registro Civil da Vila de Divisa, Município e Comarca de Guaçuí, Estado do Espírito Santo.
Quem nasce no Espírito Santo é espírito-santense. Quem ama essa nossa terra é capixaba.
*KLEBER GALVÊAS é pintor e escritor no Espírito Santo | Contatos: telefone (27) 3244 7115 e site: www.galveas.com
…
CENSURA ZERO – AQUI TEM CONTEÚDO! | REDAÇÃO MULTIMÍDIA