ARTIGO – Coronavírus: prevenção sim, histeria não!

POR GUSTAVO VIANA*

GUSTAVO VIANA, fisioterapeuta

Os primeiros casos do covid-19 vieram da localidade de Wuhan, capital da província de Hubei, China, mais precisamente de um mercado de peixe onde se comercializavam animais mortos e vivos, e não apenas peixes. De rápida disseminação e contágio, o covid-19 vem em rápida propagação continental e alcançando no atual momento o status de pandemia.

Apesar da rápida disseminação e contágio em humanos, o coronavírus não se apresenta de forma tão letal quando comparado aos vírus da influenza e do H1N1 aqui no país. Até o presente momento, há mais mortes no país por outros vírus e, também, pela dengue do que pelo coronavírus. Entretanto, não devemos em momento algum baixar a guarda, pois a doença pode se tornar sazonal com aumento dos casos em períodos frios e secos, como o inverno.

Como o covid-19 tem uma forte ligação às temperaturas médias na casa dos 8 graus, espera-se que sua disseminação aqui no país seja menor quando comparado aos países europeus, como a Itália, Espanha e França. Porém, alguns especialistas sugerem a temperatura como fator pouco efetivo na propagação e contágio do covid-19. No entanto, para entendermos melhor os efeitos da temperatura na disseminação do coronavírus, precisamos olhar de forma diferente para o continente africano.

Basicamente, a África é um continente de temperaturas extremas, onde se faz muito calor durante o dia e quedas bruscas de temperatura durante a noite. No momento em que escrevo este artigo, todo o continente africano tem 1.931 casos confirmados com número baixo de letalidade, apenas 31 óbitos. Vale ressaltar que o continente africano tem a população mais carente em termos de recursos de todo planeta.

Talvez possamos olhar com otimismo o curso da doença no Brasil quando observamos esses dados do continente africano, tendo em vista a semelhança climatológica entre o Brasil e a maioria dos países africanos. Entretanto, necessitamos ter total atenção ao isolamento, principalmente das pessoas com mais de 60 anos, idosos, e pessoas que apresentem comorbidades, como diabetes e hipertensão.

ASSEIO FREQUENTE

A transmissão do vírus ocorre por gotículas e suspensão aéreas quando em contato com boca, olhos, nariz e, talvez, ferida aberta. O correto é lavar bem as mãos e logo após o rosto, quantas vezes achar necessário. O asseio frequente é de extrema importância para quebrar o processo de transmissibilidade do vírus. O quadro característico é o agudo, nunca crônico e o principal sintoma é a febre e a tosse, geralmente seca. A falta de ar aparece em estágios graves da doença e cansaço, dores pelo corpo e de garganta podem ocorrer eventualmente.

O coronavírus é o inimigo real e invisível do momento. Não podemos entrar em histeria, em momento algum. A histeria pode levar pessoas à ansiedade extrema ao primeiro sinal de febre, podendo ocasionar óbito repentino. A cloroquina, medicamento usado para tratar malária, lúpus, síndrome de Sjögren, entre outras patologias, teve seu estoque em escassez nas drogarias devido à histeria da população, após circular, sem nenhuma comprovação científica, a eficácia no combate ao covid-19. Quem precisou realmente, ficou sem.

Mais tarde, após essa histeria na compra da cloroquina por pessoas que nem sabem como usar, um ensaio clínico na França relatou que a hidroxicloroquina isolada ou em combinação com a azitromicina, reduziu a carga viral da síndrome aguda respiratória proporcionada pelo covid-19. No entanto, tanto a hidroxicloroquina como a azitromicina só podem ser usadas em casos graves da doença, ou seja, somente o médico pode indicar o uso.

*Gustavo Viana é Graduado em Fisioterapia pela UNESA, Especialista em Acupuntura também UNESA, Especialista em Fisioterapia do Trabalho pela IBRA. Tem consultório próprio e atende há mais de 13 anos no domicílio. Foi Supervisor de Educação em Saúde do NCZ (Núcleo de Controle de Zoonoses) de São João da Barra-RJ  e tem experiencia na área de SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde).

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