POR MACIEL DE AGUIAR*
Contava-se que o atual prefeito de Vila Velha não passava de um sorridente vereador da Câmara Municipal — quando fazia uma ruidosa oposição à gestão do chefe do executivo à época — e sempre votava contra os projetos e programas para a realização de obras de infraestrutura que tinham o propósito de evitar as enchentes e resolver os problemas de alagamentos na cidade, pois essas tragédias anunciadas lhe possibilitavam gravar vídeos, divulgados nas suas redes sociais, quando se notabilizou com o slogan: “Prefeito, está chovendo! Já ligou as bombas?”
À época, dizia-se que o falastrão edil não queria que o prefeito de então resolvesse as graves questões de requalificação urbana, para que o Município não fizesse as melhorias na rede pluvial e o calçamento das ruas que havia muito tinham se tornado tão incômodos quanto os mosquitos que ainda infestam a cidade dos canelas verdes — principalmente por conta dessas questões ambientais —, para esperar que as novas águas das chuvas alagassem as ruas, praças, avenidas, casas e estabelecimentos comerciais para gravar os seus vídeos jocosos.
Surpreendentemente, o vereador que votava contra a realização dessas obras necessárias — que poderiam resolver as graves questões da infraestrutura urbana de Vila Velha — se elegeu como chefe do executivo nas últimas eleições municipais, mas continuou exercendo a função de “vereador”, e, agora, diz-se que ele se senta na principal cadeira da prefeitura feito um princês, onde passou os últimos três anos fazendo pose de influencer digital, pedindo aplausos para os seus feitos falaciosos ou aqueles que escondem as impressões digitais da gestão anterior.
É voz corrente na cidade que as obras que o atual prefeito canela verde anuncia nas redes sociais como sendo dele são as mesmas contra as quais ele votou, quando vereador, e das quais, hoje, se beneficia, mas poucos sabem o que está acontecendo por trás da propaganda oficial e dos vídeos postados nas redes sociais, onde afirma que “está fazendo” o que há cinquenta, cem, duzentos, trezentos, quatrocentos e, pasmem, até quinhentos anos “não foi feito”; mas o que ele diz é uma meia verdade, pois a verdade inteira vamos esclarecer a seguir.
No dia 29 de outubro de 2019, o Senado Federal votou uma operação internacional de crédito, no valor de 27.6 milhões de dólares — cerca de 141 milhões de reais —, com a garantia da União, para que o Município de Vila Velha e o Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata firmassem um compromisso para a “realização de obras de melhorias da infraestrutura de Vila Velha, principalmente a requalificação urbana e as melhorias ambientais”, do programa FONPLATA.
Para solicitar o “empréstimo internacional”, a Câmara de Vereadores, à época, aprovou o pedido para que o Senado Federal autorizasse o Município a assinar o contrato para receber um “caminhão de dinheiro” destinado à realização das obras contra as quais o sorridente vereador votava e, hoje, são inauguradas por ele sem ao menos citar o prefeito anterior, o mesmo que passou três anos lutando para viabilizar o financiamento, enquanto o então vereador fanfarrão votava, na Casa de Leis, a favor das enchentes.
Hoje, comenta-se que ele tem a cara de pau de mentir em suas postagens nas redes sociais e na propaganda enganosa da “comunicação de um braço só” — que divulga que as obras de sua gestão são decorrentes do trabalho que realiza, mas esconde o voto que deu para impedir os mesmos recursos que utiliza —, levando os crédulos moradores “no papo do gaiato sorridente”, iludindo, inventando e mentindo, além de fazer pose de bom moço e de exemplo de administração da felicidade alheia.
Faz-se necessário lembrar que, no Senado Federal, o pedido de empréstimo contou com o empenho da senadora Rose de Freitas, ES, além do parecer favorável do relator, senador Otto Alencar (PSD-BA), e o então prefeito de Vila Velha realizou inúmeras viagens a Brasília, contando com o eficiente trabalho da equipe técnica da Prefeitura Municipal que elaborou todos os projetos para a aprovação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que encaminhou o parecer favorável ao Plenário do Senado Federal, quando o então vereador postava vídeos mostrando as águas das chuvas invadindo a cidade.
Após três anos de exaustivos trabalhos realizados com enorme competência, o Município de Vila Velha — mesmo com o voto contrário do vereador falastrão — aprovou o financiamento do FONPLATA e viabilizou o empréstimo do Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata, com a contrapartida do Município, no valor de 6,9 milhões de dólares, de um total estimado de 34,5 milhões de dólares, com uma carência de quatro anos para começar a pagar.
O que poucos sabem é que, do “caminhão de dólares” que o prefeito está gastando a rodo, como se fosse resultado de seu trabalho, ele não pagará nem mesmo a primeira parcela da prestação, e tudo ficará nas costas dos próximos prefeitos, que pagarão pelo que não gastaram, não viram a cor do dinheiro e não fizeram as obras e, ainda, terão que prestar contas do que foi gasto, enquanto o atual prefeito fica com os “exclusivos privilégios” de gastar a fortuna que está nos cofres públicos, sem se incomodar com o pagamento da conta, e, por conta disso, ele aparece sorridente, alegre e brincalhão nas redes sociais.
Assim, comenta-se pela cidade que a principal função do atual prefeito de Vila Velha é mentir nas redes sociais — escondendo o seu voto quando vereador —, e até mudou o slogan de “agourento da chuva”, pois, com os cofres cheios de dinheiro para a realização das obras, que, agora, ele diz que são de sua gestão, se transformou em um animador de auditório e, por conta disso, criou um novo slogan: “— Viva, Vila Velha!”, e fica dando socos no ar, gastando o que ganhou de presente e enganando os que o aplaudem, sem saber que estão sendo enganados.
*MACIEL DE AGUIAR é escritor, indicado ao Prêmio Nobel de Literatura.
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