POR MANOEL ARANHA*

Da indicação até a concretização tem muita água para correr pelos rios Criaré e Maricuru e muitas ondas para saltar no mar de Guriri!

Tenho um entendimento muito claro acerca dos reais objetivos e propósitos da CMSM com as tais sessões itinerantes – diz querer “estreitar os laços com a comunidade”; “ir onde o povo está” –, que não passa de falácia, oportunismo e engôdo, com vistas as eleições 2022 e 2024, onde, principalmente, há interesses em casos de reeleição e de candidatura a prefeito do presidente da Casa – seu sonho dourado e da Familia. É campanha antecipada das “braba” e sem infrigir e burlar a lei, ainda por cima com dinheiro do contribuinte.

De 2007 a 2013, produzi 4 textos, todos publicados na TC, especificamente sobre questões e problemas de Guriri apontando sugestões e soluções: “Vazio Turístico”; “Menina dos olhos: Sol, poeira, mar e confusão”; “A (ir) responsável emancipação de Guriri” (publicado também na Revista Norte News) e “Quem pode (rá) salvar Guriri” , que seguem junto com o presente texto.

Desde 2004, quando aqui cheguei para ser o gestor do Polo Universitário de São Mateus (Ex-Ceunes), em vias de extinção por falta de cumprimento dos compromissos legais assumidos pela PMSM junto a Ufes, especialmente na gestão do Prefeito Rui Baromeu, consegui sensibilizar o então prefeito Lauriano Zancanela, sobre a importância politico-administrativa e histórica de negociar e saldar os referidos compromisso e, ainda por cima, de lutarmos não só pela permanência do Polo Universitário, bem como a vinda de novos cursos num formato de Centro, com autonomia financeira e admintrativa, cessando os encargos da PMSM.

Graças a Deus, a sugestão foi prontamente aceita. Lauriano abriu o canal com a Ufes e as negociações foram feitas. A sociedade mateense, em suas diversas formas de organização, abraçou a causa e em 2005 nascia o Ceunes – Centro de Ensino Universitário Norte do ES, que começou a funcionar em 07/08/2006, com 9 cursos. Hoje são 16 cursos e 4 Mestrados, conquistados em meio a muitas lutas contrárias, começando dentro da própria Ufes, de (des) interesses políticos nas 3 esferas. Era muita gente querendo aparecer para a plateia, porém, “costurando” negativamente nos bastidores. Graças a Deus prevaleceram a determinação e a sensatez dos que abraçaram a causa desde o início. Os Patronos desse momento deixo para outra oportunidade, porém faço mais 2 menções: Prof. Renato Pirola – então Pro-Reitor Acadêmico da Ufes, fundador da Ceunes/Polo Universitário e o 1° Diretor do Ceunes – e D. Aldo Gerna, então Bispo de São Mateus.

Além de dar cabo do desafio assumido por conta e riscos próprios, com o prefeito Lauriano, comecei a me inserir nas diversas questões político-administrativa da Cidade, em vistas de dar visibilidade ao “Movimento Pró Ensino Superior no Norte do ES”, criado por nós, e que ficou sob o comando da profa Zenilza Barbosa. A inserção buscava conquistar melhorias e inovações, face aos novos tempos que adviriam com a ampliação da presença da Ufes. Conversávamos muito sobre diversas questões e muitas delas foram sobre Guriri e a importância de uma subprefeitura, inclusive nos Kms – algo que conheci em 1980, quando cursava pós-graduação em Políticas Públicas, na USP, em São Paulo.

Inicialmente busquei apoio junto a mídia que abraçou a causa, em especial a TC -Tribuna do Cricaré-, sendo que todas foram importantes no processo. CMSM, Partidos Políticos da cidade, Parlamentares Estaduais e Federais, Prefeitos e Câmaras de todos os Municípios da região. Secretarias Municipais de SM, SRE, Petrobrás, CEPE, PM, Sindicatos, CDL. Empresários, Profissionais Liberais de diversos segmentos, Instituições e Entidades da Sociedade Civil Organizada, Igreja Cristãs e Evangélicas. Dos Ex-alunos criando uma Associação deles, que ficou sob o comando do profª Mady Oliveira- que abraçaram a causa.

O Ceunes representa a maior conquista e o maior legado da história de São Mateus. Nada supera o conhecimento, sobretudo quando ele é de qualidade. Pena que uma parcela significativa de políticos e pessoas da região não reconheça isso.

Pena que Lauriano não agiu em tempo na questão das subprefeituras. Infelizmente, as coisas em São Mateus andam em compasso de espera. No mínimo, 15 a 20 anos de atraso, e olhe lá. Veja as sugestões dadas em 2007 e que até hoje não prosperaram. À guisa de exemplo: problema da água salgada; alagamentos de Guriri; alagamentos do Mercado Municipal; falta de saneamento básico, de praças, de paisagismo – tanto no Centro quanto em Guriri; infraestrutura turística; mobilidade urbana e valorização dos produtores rurais e pequeno agricultor familiar. Lamentável saber que nada disso se resolve, não sei se por falta de competência e formação administrativa, visão de gestão e ou meramente descaso.

Talvez para alguns que compareceram a reunião intinerante tenha acontecido algo de novo e excepcional, mas para quem conhece bem os políticos e o jeito de se fazer politica em Sama, nada de novo no front. Nada de relevante.

SESSÃO ITINERANTE EM GURIRI – AS PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR:

a) Se a reunião aprovou somente o indicativo da criação da subprefeitura, quanto tempo vai demorar para virar Lei? Indicativo não é segurança e, muito menos, certeza.

b) Como ser dará a escolha do (a) subprefeito (a), considerando que já circula no bairro o nome de uma pessoa para ocupar tal cargo?

c) É justo que a população de Guriri não seja consultada?

d) É pertinente que a escolha seja feita pelo prefeito?

e) É justo e respeitoso com o moradores que a escolha não se dê por voto direto?

f) Quais serão as prerrogativas (encargos), funções e autonomia do (a) subprefeito (a)? Tudo isso estará garantido por Lei?

g) Onde funcionará a subprefeitura? Qual será sua estrutura administrativa?

h) O executivo ouvirá e acatará as demandas que o (a) subprefeito (a) levar até ele em nome da população do bairro?

Caso essas perguntas não sejam respondidas de forma condizente e consistente, a reunião itinerante não passa, de fato, de uma falácia, de um engôdo e de oportunismo eleitoreiro.

Sei que estiveram lá alguns cidadãos e comerciantes, os quais merecem consideração e respeito, mas por talvez não conhecerem devidamente o jeito de se fazer política aqui, deram um voto de confiança a iniciativa, o que é louvável. Espero que tudo dê certo. E que eu esteja erradíssimo.

A população e o número de eleitores de Guriri são maiores do que de 8 dos 9 municípios da Região Nordeste do Estado e maior do que de 58 municípios de todo ES, e não consegue eleger, pelo menos, 2 vereadores. Algo está errado, não? Alguém consegue explicar?

Depois não diga que não te contei.

*MANOEL ARANHA é Professor aposentado, ex-Gestor do Polo Universitário de São Mateus, ex-Vice-Diretor do Ceunes. Publicado em 13/08/2021, depois da realização da sessão itinerante da Câmara de São Mateus em Guriri, no dia 12/08/2021.

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