HOJE, 22 DE DEZEMBRO DE 2024, faz 67 anos que o Botafogo estabeleceu dois recordes imbatíveis na história do Maracanã, ao ganhar o primeiro título de campeão carioca, no então maior estádio do mundo: o da final com mais gols (6 x 2 no Fluminense) e o do único artilheiro, Paulo Valentim, com cinco gols, um de bicicleta, em uma decisão.
O DOMINGO 22 de dezembro de 1957 registrou, não só o recorde de Paulo Valentim, mas o início da consagração de Garrincha, que fechou a goleada, após participar dos outros cinco gols, e no ano seguinte se tornaria o maior ponta-direita de todas as épocas, no primeiro título mundial da seleção brasileira, em 29 de junho de 1958, na Suécia.
O BOTAFOGO não era campeão desde 1948, quando só perdeu na estreia – 4 x 0 para o São Cristóvão -, e passou a ser dominado pela superstição do presidente Carlito Rocha, que dava gemada aos jogadores e entrava em campo com o cachorro Biriba, mascote do time. Zezé Moreira, então preparador físico, estreou campeão como técnico.
ANOS DEPOIS, o goleiro Adalberto me contou, que na véspera da final, um carro com alto-falante, na Central do Brasil, fazia a comparação dos jogadores de cada time, e torcedores aplaudiam: “Quando meu nome foi comparado ao do Castilho, levei uma tremenda vaia”.
MAS, O QUE SE VIU em campo foi bem diferente. O Botafogo já saiu para o intervalo com 3 x 0, gols de Paulo Valentim. A reação do Fluminense, com o gol de Escurinho, no início do 2º tempo, foi abafada por mais dois gols de Paulo Valentim; Garrincha fez o 6º, e Waldo marcou o 2º do Fluminense.
BOTAFOGO, no 2-3-5 da época: Adalberto, Beto e Thomé; Servílio, Pampolíni e Nilton Santos; Garrincha, Didi, Paulo Valentim, Edison e Quarentinha. Então aos 40 anos, o gaúcho João Saldanha foi o técnico, sem receber centavo, pela paixão imensa que tinha pelo Botafogo.
FLUMINENSE: Castilho, Cacá e Pinheiro; Jair Santana, Clóvis e Altair; Telê, Jair Francisco, Waldo, Robson e Escurinho. Então aos 41 anos, o gaúcho Sylvio Pirilo, centroavante campeão em 1948 pelo Botafogo, dirigia o Fluminense, meses antes, primeiro carioca campeão invicto do Rio-São Paulo (1957).
RECORDISTA de gols em uma única edição do Carioca, com 39, em 1941, Pirilo iniciou a superstição no Botafogo, de tirar um jogador do Flamengo para ser campeão, o que se repetiu em 1957, com Servílio, e em 1962 com Jadir, ambos do segundo tricampeonato do Flamengo (53-54-55).
TEMPOS DEPOIS, Alberto da Gama Malcher, árbitro da final de 1957, primeiro comentarista de arbitragem com quem trabalhei no rádio, me disse: “Foi um massacre. O Botafogo ganhou de 6 e poderia ganhar de 10, se o Fluminense não tivesse o senhor goleiro Carlos Castilho”.
COM OS 5 GOLS, Paulo Valentim foi o artilheiro do campeonato com 22, ultrapassando Dida, do Flamengo, com 21. Só Paulo Valentim, Nilton Santos e Thomé participaram de todos os 22 jogos, e o Botafogo manteve o artilheiro do Carioca nos três anos seguintes, o paraense Quarentinha, em 1958, 1959 e 1960.
PAULO VALENTIM foi para o Boca e tornou-se o melhor brasileiro da história do clube – 111 jogos, 71 gols – e o maior artilheiro do clássico com o River. Em delírio, os torcedores faziam coro: “Tim, tim, tim, é gol de Valentim”. Sua mulher, Hilda, era tratada como a primeira-dama do clube.
DIDI, depois de sete anos no Fluminense – 298 jogos, 91 gols, de 1949 a 1956 -, pagou promessa pelo 1º título no Botafogo, caminhando do Maracanã à sede de General Severiano. Foi a camisa que mais vestiu, em 313 jogos, 114 gols. Craque da Fifa na 1ª Copa que o Brasil ganhou (1958).
NO 1º TÍTULO de campeão carioca no Maracanã, o Botafogo ganhou 16 jogos, 7 sem sofrer gol; empatou 4 e só perdeu para o Fluminense (1 x 0) e o Vasco (3 x 0). Teve saldo de 43 gols (64 x 21). Três anos depois, João Saldanha iniciava a carreira de jornalista, e só voltaria a ser técnico em 1969, quando classificou a seleção para a Copa do Mundo de 1970.
INCRÍVEL quanto parecer possa, o Botafogo viajou dois dias antes do Natal de 1957 para uma longa excursão pelas Américas Central e do Sul. “Precisamos faturar para solucionar nossos problemas”, resumiu o presidente Paulo Antonio Azeredo, entre os melhores da história do clube.
*Publicação original do jornalista DENI MENEZES, em sua página no Facebook.
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