Um grande número de pacientes está denunciando ao CENSURA ZERO a situação precária do atendimento de emergência e do transporte para acesso aos serviços de hemodiálise e fisioterapia prestados pela Central de Ambulâncias da Prefeitura de São Mateus. As informações são de que, há alguns dias, houve redução drástica do número de ambulâncias em operação e, por conta de recentes exonerações feitas na estrutura administrativa da Secretaria de Saúde, os serviços administrativos, que incluem o agendamento de transporte, estão seriamente comprometidos.

O CENSURA ZERO apurou que um dos motivos é o leilão de veículos da Prefeitura de São Mateus, ordenado pelo prefeito Daniel Santana (sem partido) e executado no início de dezembro. Antes desse leilão, a Central de Ambulâncias estaria funcionando com uma frota de 18 ambulâncias (nove próprias e nove terceirizadas) e 15 veículos de passeio, usados no deslocamento de pacientes para os serviços regulares de hemodiálise, fisioterapia e transporte para consultas em Linhares, Colatina e Grande Vitória.

Conforme a apuração da Reportagem, as nove ambulâncias próprias e todos os veículos de passeio da frota da Central de Ambulâncias foram incluídos no leilão da Prefeitura de São Mateus, com o argumento de que “a manutenção preventiva e corretiva estava custando caro aos cofres públicos”. E as denúncias são sérias: ambulâncias e veículos, alguns do modelo Fiat Grand Siena, adquiridos com recursos próprios ou por convênios com o Governo do Estado e o Governo Federal, com pouco tempo de uso, foram listados como “inservíveis” e destinados ao recente leilão da gestão Daniel, que não teve transparência e recebeu muitas críticas de moradores.

A equipe do CENSURA ZERO conversou com alguns pacientes prejudicados com a precariedade do atendimento atual da Central de Ambulâncias. Eles relataram que foram informados que, da frota original de 18 ambulâncias, apenas as nove alugadas permaneciam em operação até o dia 3 de janeiro deste ano. No entanto, com o término do contrato da empresa anterior, a Prefeitura de São Mateus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, contratou o fornecimento de 10 ambulâncias a outra empresa, que teria, em princípio, apresentado condições de entregar apenas cinco veículos adaptados para atendimento de emergência. As ambulâncias contratadas têm motorista próprio, mas o combustível é custeado pelo Município.

LOCALIDADES DA ZONA RURAL SEM AMBULÂNCIA

Outra situação é que houve a retirada das ambulâncias fixas que prestavam serviços nas localidades de Nativo, Nestor Gomes (Km 41), Nova Lima, Santa Maria e na UPA 24 Horas (para agilizar deslocamentos de pacientes para o Hospital Roberto Silvares). Atualmente, se pacientes dessas localidades e da UPA precisarem de remoção no atendimento, pode haver significativa demora ou, até mesmo, impossibilidade do serviço, já que, das cinco ambulâncias terceirizadas, pelo menos duas estão diariamente em constante deslocamento para Linhares, Colatina e Vitória.

“É assim que está funcionando atualmente a Central de Ambulâncias, pelo que me disseram. A população está completamente desassistida, e eles [gestão municipal] estão escondendo essa realidade”, frisou um paciente que a Reportagem mantém sob sigilo para evitar represálias. A falta da frota de 15 veículos de passeio leiloados está sendo suprida, precariamente, por oito veículos cedidos pela Secretaria de Saúde e outras pastas. Mas, conforme relatos, o improviso utilizado não tem sido eficaz.

O CENSURA ZERO apurou que, em situação normal, a Central de Ambulâncias tinha um contingente de cerca de 50 servidores públicos, entre motoristas e pessoal administrativo. No entanto, apenas alguns motoristas mantêm as suas atividades. A maioria está parada e o serviço administrativo está prejudicado também por conta de exonerações recentes ordenadas pelo prefeito Daniel da Açaí. O atendimento pelo telefone celular da Central de Ambulâncias, para remoção, marcação ou remarcação de transporte, está precário.

MINISTÉRIO PÚBLICO

Ao CENSURA ZERO, familiares e pacientes prejudicados diretamente pelos problemas operacionais da Central de Ambulâncias, por conta das mais recentes decisões da Prefeitura de São Mateus, afirmaram que tomarão providências formais contra o que chamam de “descaso com a população”.

Eles informaram que estão se organizando e juntando documentos para formalizar denúncia sobre o assunto no Ministério Público Estadual (MPES).

VEREADORES CALADOS

Pacientes de localidades que eram servidas por ambulâncias fixas relataram ao CENSURA ZERO que o fato é de conhecimento de vereadores de São Mateus, especialmente Kácio Mendes, Cristiano Balanga, Preta do Nascimento, Adeci de Sena, Isael Aguilar, Ciety Cerqueira e Delermano Suim. No entanto, conforme os denunciantes, os parlamentares estariam “protegendo o prefeito [Daniel da Açaí], ajudando a esconder os problemas da população”.

O OUTRO LADO

O CENSURA ZERO tentou contato com a Central de Ambulâncias e houve direcionamento para que falasse com Dielson Soares de Oliveira. No entanto, ele afirmou à Reportagem que não está mais na Coordenação da Central de Ambulâncias e, por isso, não teria nada a declarar.

A Direção de Jornalismo e Conteúdo do CZ tentará ouvir o prefeito Daniel da Açaí, o secretário municipal de Saúde Henrique Follador e os vereadores citados.

No entanto, como experiências anteriores evidenciam uma má vontade no atendimento dessas autoridades às solicitações de entrevistas do CENSURA ZERO, o espaço está aberto para, caso queiram, antecipem suas manifestações fazendo contato com a Redação, pelo telefone celular (27) 99914-9706.

CENSURA ZERO – AQUI TEM CONTEÚDO! | REDAÇÃO MULTIMÍDIA