VÍDEOS – Deputados Gilson Daniel e Da Vitória entram em conflito sobre curso de Medicina no Ceunes/Ufes, em São Mateus; edital que detalha regras foi publicado pelos ministérios da Educação e da Saúde; veja as informações completas

Os deputados federais Gilson Daniel (Podemos) e Josias Da Vitória (PP) entraram em conflito sobre a implantação do curso de Medicina no Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes), o campus da Ufes em São Mateus e que luta para se transformar em uma universidade autônoma. Os dois parlamentares tiveram entendimento diferente sobre a publicação do edital com regras para a autorização de funcionamento de novos de Medicina, publicado pelos ministros da Educação, Camilo Santana, e da Saúde, Nísia Trindade.

As novas regras valem para todo o país e foram detalhadas durante coletiva de imprensa, nessa quarta-feira (4/10), na sede do Ministério da Educação (MEC), em Brasília (DF). Trata-se de medida de retomada do que é exigido pela Lei do Mais Médicos, permitindo que mantenedoras de instituições educacionais privadas apresentem projetos para a instalação de novos cursos em municípios pré-selecionados. O edital foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) dessa quarta-feira (4), em edição extra. 

O deputado federal Gílson Daniel gravou um vídeo “comemorando” com os mateenses e a equipe do Ceunes/Ufes a “conquista”, e o material foi espalhado, a partir da manhã dessa quinta-feira (5/10) em grupos de WhatsApp de São Mateus e região. No entanto, à tarde, Da Vitória gravou outro vídeo, destacando que o edital do Governo Federal abrangia apenas as instituições de ensino superior privadas. Da Vitória disse ter sido demandado por moradores de São Mateus sobre o assunto [a partir da repercussão do vídeo do colega parlamentar] e, na gravação, fez questão de reafirmou sua condição de “coordenador da bancada federal capixaba”.

VEJA O VÍDEO GRAVADO PELO DEPUTADO FEDERAL GILSON DANIEL:

VEJA O VÍDEO GRAVADO PELO DEPUTADO FEDERAL DA VITÓRIA:

 
O CENSURA ZERO apurou que, a partir dos esforços dos ministérios da Educação e da Saúde, o edital representa a retomada do protagonismo do Estado na coordenação da expansão dos cursos de Medicina, considerando duas diretrizes fundamentais: a desconcentração da oferta de cursos e a promoção da qualidade da formação médica. Também reflete a busca pelo aprimoramento do padrão de qualidade do ensino superior, por meio de sua regulação e da retomada do Programa Mais Médicos, implementando o que é exigido pela Lei nº 12.871/2013.  

“O normativo tem origem nos direcionamentos da Portaria nº 650/2023 do Ministério da Educação, que previu a retomada dos chamamentos. O documento foi construído a partir de amplo diálogo e escutas do MEC, por meio da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres), com diversas entidades e órgãos do estado e da sociedade civil”, destaca a assessoria do MEC. 

Ao diagnosticar a situação da formação médica no Brasil, o Ministério da Educação constatou o ritmo de expansão da formação médica e identificou a necessidade de desconcentração da oferta de cursos de Medicina e de promoção da qualidade da formação médica. A meta é atingir o indicador de 3,3 médicos por mil habitantes, média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Todo o trabalho foi feito a partir da análise do comportamento demográfico brasileiro e cenário futuro, considerando a projeção para 2033. 

MINISTRO DA EDUCAÇÃO

De acordo com o ministro Camilo Santana, o lançamento do edital é focado no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Programa Mais Médicos: “O que estamos fazendo aqui hoje é dar protagonismo e liderança ao governo federal nas estratégias da política de abertura de novos cursos e formação médica no Brasil. O edital foi feito a partir de muito diálogo, de forma técnica e visando o fortalecimento do SUS, seguindo a Lei do Mais Médicos”. 

O ministro pontuou também que qualquer instituição de educação superior pode participar do edital, concorrer e apresentar propostas, desde que esteja dentro dos critérios especificados no documento. “O objetivo é focar a qualidade da formação dos nossos profissionais de saúde. Também é fundamental olhar para os vazios, tanto de médicos quanto de formação, ou seja, a desconcentração. Para isso, um dos critérios desse edital é a fixação. O esforço do Mais Médicos é garantir que esse médico possa ficar na região em que há baixa taxa de médicos por habitantes”, esclareceu Camilo Santana.  

MINISTRA DA SAÚDE 

Em sua fala, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, lembrou como o lançamento do edital era esperado por diversos setores da sociedade, especialmente aqueles que se preocupam com a qualidade da profissão médica brasileira. Segundo ela, a iniciativa é uma trajetória de recuperações, de aperfeiçoamento e de muitos desafios da formação médica. 

 “É fundamental que tenhamos como referência os vazios assistenciais, mas também a rede de saúde, que é a grande base do SUS. A nossa finalidade é o fortalecimento do Sistema nesse componente da formação médica de qualidade, com relevância e impacto social, obedecendo aos critérios que temos discutidos na Lei do Mais Médicos”, detalhou a ministra. 

O edital de abertura de novos cursos de medicina foi apresentado pela secretária de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC, Helena Sampaio, que esclareceu cada tópico do documento, como diagnósticos, premissas do edital, quantidade de vagas, participante do edital, critérios de seleção das regiões de saúde, distribuição de cursos e vagas de medicinas nas unidades da Federação, incentivos, entre outros critérios. “É um momento em que celebramos a retomada de uma política pública fundamental para o futuro da formação médica e de reconhecer o trabalho de todos que contribuíram para sua construção”, defendeu a secretária. 

PREMISSAS

O Edital visa dar resposta aos desafios identificados no diagnóstico realizado pelo MEC, com apoio do Ministério da Saúde (MS), de necessidade de formação médica com desconcentração regional. O documento tem abrangência nacional, com a seleção de algumas regiões de saúde. A ideia é um chamamento público com um único instrumento convocatório, de caráter nacional, em que todos os municípios pertencentes a regiões de saúde com determinadas características possam receber propostas para a instalação de cursos de Medicina. Figura: Distribuição dos Municípios Pré-selecionados

Os critérios de seleção das regiões de saúde tiveram como base estudo do Ministério da Saúde. Das 450 regiões de saúde existentes, foram selecionadas 116, o que corresponde a 1.719 municípios habilitados. A seleção com base em critérios regionais possibilita, estabelecer, ao mesmo tempo, uma primeira medida de desconcentração e existência de infraestrutura instalada no âmbito da região de saúde, sempre em linha com o exigido pela Lei nº 12.871/13. Foram pré-selecionados os municípios em regiões de saúde com as seguintes características: 

-Apresentar média inferior a 2,5 médicos por mil habitantes.  

-Possuir hospital com pelo menos 80 leitos. 

-Demonstrar capacidade para abrigar curso de Medicina, em termos de disponibilidade de leitos, com pelo menos 60 vagas.  

-Não ser impactado pelo plano de expansão de cursos de Medicina (aumento de vagas e abertura de novos cursos) nas universidades federais. 

CURSOS

De acordo com a assessoria do MEC, para o estabelecimento do número de cursos de Medicina a serem abertos, optou-se pela média de médicos por mil habitantes, verificada em 2022 para países-membros da OCDE como um indicador a ser almejado pelo Brasil para os próximos dez anos. Considerou-se, nessa progressão, dados demográficos do país e o ritmo de expansão da formação médica nacional.

O edital prevê, no máximo, 95 novos cursos com 60 vagas cada, que poderão ser instalados no conjunto de municípios pré-selecionados, com a condição de haver apenas um curso por região de saúde. Isso considera a desconcentração e o impacto da abertura de curso de medicina na infraestrutura preexistente. No total, o edital tem potencial para abertura de 5.700 vagas.  

Distribuição de cursos e vagas por unidade da Federação 

UF Regiões de Saúde Municípios Cursos Vagas 
AL 32 120 
AM 17 120 
AP 60 
BA 16 257 15 900 
CE 10 97 10 600 
ES 29 60 
GO 43 120 
MA 109 540 
MG 82 120 
MS 33 60 
MT 19 60 
PA 11 126 11 660 
PB 18 60 
PE 120 420 
PI 96 180 
PR 143 240 
RJ 16 60 
RN 62 120 
RO 60 
RR 60 
RS 11 186 240 
SC 64 60 
SP 14 145 13 780 
Fonte: Nota técnica conjunta – Ministério do Planejamento / Ipea / MEC / Seres 

CRITÉRIOS

As instituições de ensino superior contempladas serão definidas por meio de pontuação, que vai considerar o mérito (conteúdo) da proposta e a experiência regulatória da proponente. A análise de mérito, etapa eliminatória e classificatória, vai considerar os seguintes indicadores: 

-Projeto pedagógico de curso de graduação em Medicina. 

-Plano de formação e desenvolvimento da docência em saúde. 

-Plano de infraestrutura da instituição de educação superior. 

-Plano de contrapartida à estrutura de serviços, ações e programas de saúde do Sistema Único de Saúde do município e/ou da região de saúde do curso de Medicina. 

-Plano de implantação de residência médica. 

-Plano de oferta de bolsas para alunos.  

Já a análise da experiência regulatória da mantenedora e unidade hospitalar (etapa classificatória) vai observar os seguintes quesitos: 

-Conceito institucional e localização da instituição. 

-Curso de Medicina. 

-Cursos na área da saúde. 

-Programas de mestrado e/ou doutorado na área de saúde. 

-Programas de residência médica.  

DIÁLOGO

Para elaboração do edital, o Ministério da Educação, por meio da Seres, foram realizados realizou: mais de 100 audiências com instituições representativas, parlamentares, gestores locais e especialistas do setor; um workshop sobre formação médica em parceria com entidades médicas e Ministério da Saúde; e diversos estudos, entre eles o do MS, que definiu os critérios de seleção das regiões de saúde; e o do Ministério do Planejamento e Orçamento e do Ipea, que definiu o número de vagas e cursos nas regiões de saúde.

O edital é uma construção conjunta do MEC com o Ministério da Saúde, por meio da Comissão Interministerial de Gestão da Educação na Saúde. 

CENÁRIO

A oferta de graduação em medicina ainda se apresenta desigual no território nacional. Em 2022, o Sudeste concentrava 150 cursos e 18.324 vagas, o que corresponde a 43,8% das vagas ofertadas no país. O Nordeste tinha o segundo maior número de vagas (10.468 ou 25% do total), seguido pelas regiões Sul (5.757; 13,8%), Norte (3.786 vagas; 9,1%) e Centro-Oeste (3.470; 8,3%).

Entre as unidades da Federação, São Paulo concentra 22% das vagas (9.213) do país. Minas Gerais vem em seguida, com 12% das vagas, antes do Rio de Janeiro, com 7,7%, e Bahia, com 7,5%. Os estados com menor número de vagas são Amapá (60 vagas), Roraima (110) e Acre (250). Juntos, têm apenas 1% das vagas do país.  

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