POR DRª BEATRICEE KARLA LOPES*
Eis ali dois “caras” (Bruno Aiub [o Monark] e Igor Coelho [o Igor 3K]) sentados, fumando maconha e bebendo bebida alcóolica ao vivo em um programa que alcançou o posto de maior podcast do Brasil: o Flow! Podcast este que anda alcançando o topo da parada em várias ocasiões e em dias consecutivos, como o maior sucesso recente na produção de conteúdo na internet no Brasil.
Segundo Monark, o Flow Podcast é diferente de outros podcasts devido à liberdade, criando “um espaço onde o convidado se sente à vontade de explorar ele mesmo”, sem pauta, sem conversa prévia e, em alguns casos, sem conhecer bem o entrevistado, criando uma “relação humana” pela sua vasta liberdade – ou melhor dizendo, ao meu ver, uma excessiva libertinagem, poderíamos dizer assim!
O UOL e a Exame disseram que o Flow é notado por seu estilo informal, assemelhando se a uma “conversa de bar”.
Pergunta-se: Como dois “caras”, simulando uma conversa de bar, sentados e fumando maconha ao vivo, sem entenderem absolutamente nada da maioria dos assuntos que eles mesmos abordam, conseguiram alcançar o topo das paradas?
Pois bem, nesse programa (o Podcast Flow), quando o Monark e o Igor 3K passam o tempo entrevistando convidados sobre diversos assuntos que, na maioria destes eles mesmos desconhecem completamente o tema em questão, ficou claro para mim qual é a chave do sucesso do Flow: produzir um conteúdo acessível para ignorantes. E aqui eu também me incluo, porque assisti a alguns desses podcasts, onde se encontravam temas que eu também não fazia noção do que se tratava. E era nesses momentos que a magia acontecia: os hosts do programa, tão desconhecedores quanto eu do que estava sendo dito ali, faziam perguntas exatamente do nível que eu (ignorante) faria.
É um programa de ignorantes para ignorantes, e isso é “genial” para a maioria, porque transmite informação do degrau mais básico possível.
Acredito que se Monark e o Igor 3K estudassem um pouco sobre os temas que serão abordados no Flow, o nível da conversa subiria e ficaria menos acessível ao público em geral, pois já não seria mais direcionado aos ignorantes, ou melhor dizendo, aos leigos. Tanto é verdade que se a maioria dos telespectadores souber um pouquinho que seja do que será tratado no programa, já não fará mais sentido ouvi-lo. Ou seja, são dois apresentadores ignorantes e maconheiros tentando aprender em conjunto com outros ignorantes, seus telespectadores. Como afirmou Igor 3K, “não existem entrevistados, mas só uma conversa”. Até aí tudo bem, pois estamos diante de cultura e aprendizagem em linguajar popular e acessível a todos.
Segundo a Revista Exame¹:
“O Flow quer falar com todo mundo, sem papas na língua e sem restrições: o programa não tem pauta para discutir com os convidados, tampouco perguntas prontas ou roteiro do que será debatido. Monark e Igor sentam diante de uma mesa com o participante, que é convidado a contar histórias da própria vida, da profissão ou do que bem entender.
O bate-papo com frequência acontece com a presença de uma garrafa de hidromel — tão constante que, segundo Monark, eles compraram uma participação na fabricante — e também de maconha (Monark é prólegalização)”.
Mas, qual o tipo de influência esses dois “caras” são capazes de refletir perante seus telespectadores (na maioria das vezes jovens), uma vez que realizam suas entrevistas bebendo e fumando maconha? Será que a Liberdade de Expressão/Consciência, garantida constitucionalmente (art. 5°, inc. VI² , da Constituição Federal de 1988 – CF/88) tem que ter limites? A resposta é sim!
De acordo com a Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67), em seu art. 1º: “É livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou ideias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada um, nos termos da lei, pelos abusos que cometer”. Ou seja, de fato é livre a manifestação do pensamento, independentemente de censura, porém os abusos devem ser punidos, e, no caso do Podcast Flow, temos nítido a apologia ao uso de drogas (bebida e maconha), o que é um flagrante abuso de ilegalidade sem qualquer pudor.
A Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06), em seu art. 33, § 2º, estabelece pena de 01 (um) a 03 (três) anos de detenção, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa, para quem: “induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga”, como estão fazendo, publicamente, os “caras” do Flow. Já o Código Penal (CP), no seu art. 287, prevê detenção de 03 (três) a 06 (seis) meses, ou multa, para quem fizer, “publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime”.
Logo, não é compreensível que tanto sucesso ainda esteja no ar e sem uma devida aplicação de responsabilidades a seus idealizadores, que por sua vez passam longe da moralidade, dos bons costumes e da própria restrição legal, como vimos.
Isso é Brasil ou a Lei é aplicada apenas a determinados grupos de pessoas? E mais: Como dois maconheiros e alcóolatras podem ser influenciadores na internet com seus atos de vícios ao vivo, como se quisessem “enfiar goela a baixo” na sociedade a maconha e o álcool como algo extremamente normal?
Algo está invertido, não acham?
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¹ Disponível em: https://exame.com/tecnologia/flow-podcast-a-conversa-de-bar-de-igor-e-monark-queconquistou-o-brasil/
² “é inviolável a liberdade de consciência (…)”.
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Drª BEATRICEE KARLA LOPES é Advogada Criminalista – OAB/ES 15.171; pós-graduada em Direito Penal, Processo Penal e Civil; Escritora de Artigos Jurídicos; Membro Imortal da Academia de Letras da Serra-ES; Comendadora Cultural e Membro Imortal da Academia de Letras de São Mateus-ES; Comendadora Cultural da ONG Amigos da Educação e do Clube dos Trovadores Capixabas; Personalidade Cultural de 2017 do 3º Encontro Nacional da Sociedade de Cultura Latina do Brasil; Personalidade Artística e Cultural 2018; Autora aprovada pela Coletânea Mulheres Maravilhosas v. 1/2021; Acadêmica Imortal da Academia de Letras e Artes de Poetas Trovadores; Recebeu a “Comenda de Mérito Cultural 2021” do “XVIII Congresso Brasileiro de Poetas Trovadores”; e colunista do Portal Censura Zero – www.censurazero.com.br.
Contato: tel.: (27) 9.9504-4747, e-mail: beatriceekarla@hotmail.com, site: beatriceeadv.wixsite.com/biak, Facebook: Beatricee Karla Lopes e Instagram: @direitocensurazero.
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