Documento de ministério aponta contradição em fala de Pazuello

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Um documento assinado pelo ex-ministro Eduardo Pazuello aponta que o Ministério da Saúde foi informado no dia 8 de janeiro de 2021 sobre o risco de desabastecimento de oxigênio para pacientes com covid-19 em Manaus (AM). A informação contradiz o general que, em depoimento à CPI da Covid no Senado Federal, afirmou que soube da real situação de colapso nos hospitais da capital amazonense apenas em 10 de janeiro. O sistema de saúde colapsou no dia 14 de janeiro. Na ocasião, dezenas de pessoas, em tratamento contra o coronavírus, morreram por asfixia. As informações são do R7.

“Foi detectado, ainda, logo no início do período, a gravíssima situação dos estoques de oxigênio hospitalar em Manaus, em quantidade absolutamente insuficiente para o atendimento da demanda crescente. Tal problema chegou ao conhecimento do Ministério no dia 8 de janeiro, por meio de um e-mail enviado por Petrônio Bastos, da White Martins (fabricante do produto) (Anexo A – Email oxigênio), no qual remete, anexa, cópia de comunicado daquela Empresa à Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas, datado de 7 de janeiro (Anexo B – Comunicado White Martins oxigênio), explicando o possível desabastecimento e indicando, ao Estado, buscar outras fontes para o produto”, afirma Pazuello.

O comunicado enviado pela empresa à Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas em 7 de janeiro diz que a necessidade de oxigênio é muito maior que o volume contratado. “O imprevisto aumento da demanda ocorrido nos últimos dias agravou consideravelmente a situação de forma abrupta, superando em muito o volume contratado pela secretaria junto à White Martins, fazendo com que sejam necessários novos esforços adicionais para que a totalidade das necessidades sejam supridas”, afirma o e-mail enviado pela empresa, que indica outra companhia fornecedora de oxigênio na região para complementar os estoques.

TRATECOV

Uma equipe do Ministério da Saúde viajou para Manaus no período de 10 de janeiro e retornou a Brasília três dias depois. Entre as ações destacadas pela pasta está o TrateCov, aplicativo lançado para orientar o enfrentamento da covid-19 e que recomendava o uso de cloroquina, ivermectina e outros fármacos.

Manaus foi a primeira cidade do país a utilizar o aplicativo, que ficou acessível por alguns dias no mês de janeiro.

CLOROQUINA

Em documento, o Ministério da Saúde informou o envio, feito em 14 de janeiro, data do colapso do sistema de saúde em Manaus, de 120 mil comprimidos de cloroquina, medicamento sem eficácia cientificamente comprovada contra a covid-19.

No mesmo dia, a pasta enviou também 250 mil cápsulas de oseltamivir, conhecido pelo nome comercial de Tamiflu.

REUNIÃO

De acordo com outro arquivo, intitulado “Ações emergenciais decorrentes do agravamento dos casos de covid-19 no Estado do Amazonas – Plano Manaus”, datado de 6 de janeiro, Pazuello escreve que a equipe do Ministério se reuniu com o governador do Amazonas, Wilson Lima, o prefeito de Manaus, Davi Almeida, o secretário estadual de Saúde, Marcellus José Barroso Campêlo, a secretária municipal de saúde, Shádia Hussami Hauache Fraxe, e outras pessoas ligadas à área da saúde.

Nenhuma das conclusões do encontro detalha a crise de oxigênio. O documento que registra o que foi debatido aponta para “a possibilidade iminente do colapso do sistema de saúde, em 10 dias, devido à falta de recursos humanos para o funcionamento dos novos leitos; a deficiência na resolutividade da atenção primária, por não estarem utilizando as orientações de intervenção precoce para covid-19, conforme orientações do Ministério da Saúde; dificuldades na aquisição de materiais de consumo hospitalar, medicamentos e equipamentos; dificuldades da contratação de profissionais com habilitação para atuação nas UTIs e necessidade de estruturação de leitos de UTI para atendimento aos pacientes que já demandam internação”.

O texto ainda menciona a taxa de ocupação de UTI naquele momento (89,1%) e a estimativa de aumento de casos entre 11 e 15 de janeiro, após as festas de fim de ano.

GESTOR COM “CAPACIDADE FRÁGIL”

Um relatório do Ministério da Saúde avalia que, durante a viagem a Manaus, “foi observada capacidade frágil de planejamento do gestor estadual, dando ênfase a ações emergenciais/operacionais intuitivas”.

De acordo com a pasta, as atuações tiveram pouco planejamento da rede, inexistência de protocolo clínico unificado do corpo médico do Estado do Amazonas e dificuldade de controle e critérios para desospitalização.

CEPA

O documento informa, ainda, que o Amazonas recebeu informações sobre quatro viajantes que chegaram a Tóquio, no Japão, provenientes do Amazonas infectados com uma nova variante do vírus em 2 de janeiro de 2021. “De acordo com o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas, essa variante tem as mesmas mutações relatadas no Reino Unido e na África do Sul. No momento, a variante tem infecciosidade, gravidade e eficácia da vacina. Não há evidências que sugiram um efeito sobre a doença, estando em investigação”, diz.

O Estado do Amazonas confirmou o segundo caso de reinfecção por nova cepa variante do SARSCoV-2 em 12 de janeiro de 2021, a partir da confirmação da Fiocruz Amazonas. Três dias depois, o Ministério da Saúde anunciou o contágio. De acordo com a pasta, uma mulher foi diagnosticada com covid-19 pela primeira vez em 24 de março do ano passado e, novamente, em 30 de dezembro, com exame positivo de RT-PCR.

Na segunda análise, observou-se que o vírus tinha um padrão de mutações compatível com a variante do vírus Sars-CoV-2 que foi identificada no Japão em quatro turistas do país que tinham recentemente voltado do Amazonas.

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