O prefeito Daniel Santana, o Daniel da Açaí (sem partido), assumiu a dianteira da campanha à reeleição do governador Renato Casagrande (PSB) em São Mateus neste segundo turno das Eleições 2022. Daniel, que é denunciado por organização criminosa, corrupção e fraudes pelo Ministério Público na Justiça Federal, já mobilizou sua milícia digital (gabinete do ódio) para disseminar, nas redes sociais e grupos de WhatsApp, vídeos de visitas do Chefe do Executivo a locais que estão sendo beneficiados com recursos do Governo do Estado.
Casagrande e equipe, ao que parece, gostaram de receber mais esses vídeos enchendo os celulares dos eleitores com pedidos de voto. No entanto, há sérios problemas explícitos que os “pensadores” do Palácio Anchieta insistem em ignorar, além das denúncias de crimes na Justiça contra o prefeito e a atuação dele com gabinete do ódio: as urnas deixaram claros os índices de reprovação (e repúdio) de Daniel da Açaí como liderança política, fato destacado, inclusive, pelo presidente da Câmara de Vereadores Paulo Fundão (PP), em sessão realizada na quinta-feira (6/10), quando clamou pelo surgimento de lideranças novas no município.
Quando foi preso na Operação Minucius e indiciado pela Polícia Federal com provas de ser “o chefe de uma organização criminosa que se apoderou da Prefeitura de São Mateus”, como atestou em setembro de 2021 o superintendente da PF, delegado Eugênio Ricas, Daniel viu três vereadores romperem o “pacto da vingança” feito com os 11 parlamentares no início da nova legislatura da Câmara. Com a subserviência dos parlamentares do G-8, conseguiu escapar do impeachment e recebeu apoio político para retornar ao cargo.
No entanto, mesmo com o apadrinhamento de Casagrande, que veio a São Mateus em 25 de junho despejar recursos e assinar convênios em meio ao matagal que tomava conta da Cidade, a gestão de Daniel da Açaí não consegue deslanchar – ele encontra dificuldades até para executar obras de calçamento nos bairros. Nessas eleições, Daniel fez uma roleta-russa de apoios de “seus vereadores”, prejudicando, inclusive, o PSB, partido do Governador, por conta da rivalidade com o deputado Freitas (PSB) na cidade.
Daniel consentiu que seu líder na Câmara Municipal, vereador Cristiano Balanga (Pros), se aliasse a Paulo Folleto (PSB) para tirar votos de Freitas em São Mateus. Preta do Nascimento, que é brigada com Freitas e a Executiva Municipal do PSB, esteve o tempo todo 24 horas por dia, até a pré-campanha, caminhando com a vice-governadora Jacqueline Moraes, a representante do governador Casagrande junto ao prefeito. Na “roleta-russa” de apoios após o start para a busca de votos, os eleitores viram Preta, não se sabe por qual motivo, “abandonar” Jacqueline e fazer campanha para Da Vitória (PP), candidato oficial de Daniel. O prefeito ordenou, então, que Kácio Mendes (PSDB), vice-presidente da Câmara, fosse o cabo eleitoral da vice-governadora na campanha a deputada federal.
O reflexo foi que teve membro do G-8 fugindo de entoar esse “samba-do-personagem-doido” [para fugir do termo de cunho racista] e houve até quem apoiasse a campanha de Freitas, como fizeram os três vereadores da oposição. Para encurtar a história: contra a vontade de Daniel, Freitas foi o candidato a deputado federal mais votado no Município – 10.918 sufrágios, mas não teve fôlego para se eleger. Da Vitória conseguiria a reeleição mesmo sem os parcos 2.040 votos obtidos no Município (e que não vieram somente de pessoas ligadas ao prefeito); e Paulo Folleto, com 1.533 votos (inclusive de outros apoiadores), daqui a pouco pode estar lamentando ter emprestado seu nome para o plano pessoal de vingança de um vereador, notadamente, “problemático”.
No primeiro turno, Casagrande obteve 47,84% dos votos válidos (28.603) em São Mateus contra 29,15% (17.613 votos) de Manato (PL) e 22,22% (13.422 votos). E esses votos do Governador vieram, em maior parte, da espontaneidade do Mateense. No apagar das luzes, foi que o prefeito Daniel saiu às ruas numa caminhada em favor do candidato à reeleição. Neste segundo turno, Guerino já declarou apoio a Manato, que terá Bolsonaro no Estado pedindo votos na disputa presencial contra Lula (PT).
Pelo que se apresenta, o marketing do candidato Casagrande deve ter deixado a cargo dos malfeitores do gabinete do ódio que atua a mando de Daniel na internet a análise dos dados da votação em São Mateus. Somente isso explica o que fato de não levarem em conta que Gilvan da Federal (PL) foi o quarto postulante à Câmara dos Deputados mais votado em São Mateus. Ele teve 3.589 votos, mais do que o dobro de que precisou para se eleger vereador em Vitória na 12ª posição entre os 15 (1.560 sufrágios).
À frente de Gilvan na votação em São Mateus ficaram um deputado estadual com quatro mandatos e “síndico do Governador no norte capixaba”; um político experiente que já foi vereador, secretário de saúde e deputado federal por dois mandatos; e um pastor da denominação evangélica com o maior número de membros do Município, que já foi vice-prefeito e é filho de um pastor renomado (já falecido) que já se elegeu como vereador e vice-prefeito na Cidade.
E a campanha de Gilvan da Federal não poderia ter sido mais simples, exatamente para deixar uma lição para as ditas “lideranças políticas” da Cidade que concorreram à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa: ouviu a Comunidade Mateense, levou em consideração os fatos, abriu o microfone e, simplesmente, expôs as constatações do inquérito da Polícia Federal e das denúncias do Ministério Público já apresentadas à Justiça Federal sobre a gestão do prefeito Daniel da Açaí em São Mateus.
Presencialmente, foi um único discurso direto ao lado Mercado Municipal, numa passagem relâmpago em carro de som em visita a cidades do Norte do Estado. E os Mateenses de bem, insatisfeitos com as autoridades de olhos vedados ao escândalo da roubalheira em São Mateus, incumbiram-se de fazer o resto. Nas redes sociais e nas urnas.
É até dispensável detalhar os outros graves problemas da gestão Daniel, como a má qualidade dos serviços públicos (especialmente, na saúde), do litígio com os servidores municipais (que retornaram recentemente de uma grave geral, por ordem judicial) e a gastança de dinheiro público com inversão de prioridades.
Por todos os fatos já registrados, nós aqui, no CENSURA ZERO, cunhamos São Mateus de “capital federal da impunidade”. Mas é preciso estar atento: a Polícia Federal, o Ministério Público e o Poder Judiciário podem enfrentar dificuldades, com os travamentos por interesses cruzados, mas, sob a permissão de Deus, em processo célere, as urnas denunciam, fazem as oitivas e dão a sentença.
Como diria aquele vereador mateense amante do juridiquês, data maxima venia, ao governador Renato Casagrande e Equipe, cabe uma orientação social e uma dica eleitoral: não convém ignorar, nem subestimar a vontade popular!
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