Eleição contamina reação a Bolsonaro nas ruas e trava manifestação da oposição

As oposições a Jair Bolsonaro à esquerda e à direita convergem no discurso de que é preciso dar uma resposta também nas ruas ao ato de raiz golpista insuflado pelo presidente para este 7 de Setembro, mas, fragmentadas por interesses ligados às eleições de 2022, travam na falta de uma reação unificada. As informações são da FolhaPress.

Com a contaminação, manifestações contrárias ao governo tendem a manter como pano de fundo o apoio ou rejeição a pré-candidatos à Presidência.

Oficialmente, líderes de movimentos e de partidos por trás das convocações falam que as pautas não se misturam, mas nos bastidores as resistências são muitas.

Bolsonaro e aliados têm se esmerado nos chamados para os atos do Dia da Independência, na próxima terça-feira, e buscam reunir multidões para embasar a retórica de amplo apoio popular. Pesquisa Datafolha de julho mostrou recorde na reprovação do presidente, rejeitado por 51% dos brasileiros.

O evento bolsonarista ocorre em meio a uma série de reveses para o governo, com reações de outros Poderes às ameaças autoritárias disparadas pelo Executivo, desembarque de setores do empresariado e do mercado, estagnação de pautas no Congresso e horizonte econômico negativo.

PALCOS DAS MANIFESTAÇÕES

Os principais palcos dos atos favoráveis serão a avenida Paulista, em São Paulo, e a Praça dos Três Poderes, em Brasília. Bolsonaro, que confirmou presença nos dois locais, anuncia o levante como algo histórico e dissimula as pretensões de ruptura da ordem institucional e democrática que estão na raiz da mobilização.

À frente de quatro protestos de oposição desde maio, a Campanha Nacional Fora Bolsonaro tem forte influência do PT e de setores que apoiam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atual líder das pesquisas. O fórum é composto majoritariamente por partidos e coletivos de esquerda.

Ao longo do tempo, no entanto, o grupo conseguiu adesões de forças não alinhadas a Lula, com a participação de instâncias de legendas como PSDB e Cidadania, do PDT do presidenciável Ciro Gomes, crítico da candidatura do petista, e dos movimentos Acredito, Agora! e Livres.

A campanha tem manifestações nacionais também neste dia 7, organizadas em conjunto com o Grito dos Excluídos, promovido tradicionalmente na data por alas da Igreja Católica. Até sexta-feira (3), balanço parcial contabilizava a previsão de 176 atos em 168 cidades e quatro países.

Em São Paulo, o ato será no vale do Anhangabaú, escolhido após uma disputa pela avenida Paulista, que está reservada para os bolsonaristas, e um embate judicial com a gestão João Doria (PSDB), que chegou a proibir a realização no mesmo dia de protestos contra Bolsonaro, mas recuou.

Lula cogitou comparecer à manifestação, mas a chance hoje é considerada baixa.

“Tenho consciência de que nosso ato do dia 7 não vai ser grande”, diz o líder estadual do Acredito, Marco Martins, que tem atuado pela aproximação de campos ideológicos. “Criou-se um clima de medo que é favorável ao bolsonarismo, mas precisamos estar lá e mostrar disposição de lutar pela democracia.”

Martins admite também obstáculos para atos organizados por forças antagônicas no debate eleitoral. “Defendo que se coloquem as diferenças de lado pela democracia. Falta abrir mão [de interesses] por uma coisa maior, mas é difícil dissociar de 2022”, diz ele, que é filiado à Rede Sustentabilidade.

MOVIMENTOS

Porta-vozes da campanha chegaram a conversar com MBL (Movimento Brasil Livre) e VPR (Vem Pra Rua), mas as divergências prevaleceram. Enquanto a esquerda remói mágoas com os grupos pelas marchas a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT), no outro lado a rejeição ao PT é regra.

MBL e VPR anunciaram em julho um protesto contra Bolsonaro para 12 de setembro, o domingo pós-feriado. Nos últimos dias, a mobilização ganhou conotação de apoio a uma terceira via para 2022, ancorada no mote “nem Lula nem Bolsonaro”.

“Sempre deixei claro que sou a favor da ampliação, mas o que ouço de muita gente [na Campanha Fora Bolsonaro] é que há um desconforto de andar ao lado de quem está contra o Lula”, diz Raimundo Bonfim, coordenador da CMP (Central de Movimentos Populares) e filiado ao PT.

Em conversas internas, mobilizadores tanto do dia 7 quanto do dia 12 avaliaram ser grande a chance de uma manifestação volumosa dos apoiadores do presidente, com o efeito colateral de que uma adesão menor aos atos contrários pode facilitar discursos distorcidos de Bolsonaro.

“Nós não estamos em um campeonato de uma partida só”, afirma Bonfim, usando a analogia do futebol para sustentar que os protestos dos detratores têm ocorrido com regularidade e participação satisfatória, pulverizados por capitais e cidades médias no Brasil, além de outros países.

“É equivocado imaginar que apenas o Supremo [Tribunal Federal] e o Congresso são suficientes para barrar uma aventura golpista. A pressão das ruas é fundamental, um elemento indispensável”, diz o representante da CMP.

Apesar dos acenos para fora, a participação na capital paulista dos diretórios municipais de PSDB e PDT foi atacada por integrantes do PCO. Militantes do partido chegaram a agredir tucanos na avenida Paulista em 3 de julho. Apoiadores de Ciro Gomes também relataram hostilidades.

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