O governador de São Paulo, João Doria, 63, venceu, nesse sábado (27/11), as prévias presidenciais do PSDB por 53,99% a 44,66% contra o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. O terceiro concorrente, Arthur Virgílio Neto, ex-prefeito de Manaus, obteve 1,35%.

O resultado põe fim a uma novela que começou no domingo (21), quando a votação foi impedida por uma pane no aplicativo (investiga-se um ataque hacker) e o resultado, postergado. O saldo foi de vexame e tensão no partido.

Nesse sábado, cerca de 40 mil filiados puderam votar por meio de uma nova ferramenta online. No total, 44,7 mil se cadastraram para votar nas prévias -cerca de 3.000 votaram pelo app e o restante, tucanos com mandato, em urnas eletrônicas, no último domingo.

TENTATIVAS DE ATAQUE

O presidente do PSDB, Bruno Araújo, disse ter havido tentativas de ataque ao sistema de votação nas prévias neste sábado, mas que houve boa resistência do novo aplicativo contratado. Foram contabilizadas pouco mais de 30 milhões de tentativas de acesso ao sistema, de acordo com as empresas de auditoria do processo.

Vitorioso nas prévias, Doria fez um discurso em que pregou a união de seu partido e de outras siglas em torno de um projeto liberal para enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (sem partido, rumo ao PL).

DORIA

O governador paulista acenou a seus rivais, particularmente Leite, com quem travou uma amarga disputa ao longo das prévias. “A eleição foi linda. Não tenho dúvidas de que foi difícil a decisão. Eduardo Leite e Arthur Virgílio são meus amigos e do mesmo partido. A partir de agora, fazemos parte da mesma chapa”, disse o tucano.

“Ninguém faz nada sozinho. Precisaremos da ajuda de todos. Da união do Brasil. Da união do PSDB. Da união com outros líderes e partidos”, salientou Doria.

LEITE

Eduardo Leite desejou boa sorte a Doria, e defendeu o partido como um projeto de centro contra a polarização e os extremos no cenário político.

Ele criticou o que chamou de “polarização inútil e prejudicial à vida da população”. “João, te desejo toda sorte porque o Brasil precisa disso. Que a gente consiga viabilizar um projeto no centro.”

Para o governador do Rio Grande do Sul, o país vive um clima de ataques entre dois extremos ao mesmo tempo em que cresce abaixo do potencial e ainda convive com desigualdades.

PROJETO POLÍTICO

Ao bater o rival gaúcho e obter a vaga de candidato à Presidência, Doria consolida seu projeto político iniciado em 2016 e abre caminho para ampliar sua influência na sigla -apesar da resistência de tucanos da ala histórica e de seu principal rival interno, Aécio.

Depois de um processo com críticas e acusações de parte a parte, Doria terá o desafio de unir a sigla em torno da sua campanha ao Planalto. Doria já afirmou acreditar que as prévias fortalecem o PSDB e que, superada a votação, todos os membros do partido serão aliados e vencedores.

A composição do percentual de cada um dos três candidatos se baseou nos votos de quatro grupos, cada um com peso de 25%. O paulista ganhou em três deles, e no último bloco houve divisão.

Entre filiados, Doria teve maior vantagem, somando 15,4% dos votos frente à 9,2% de Leite. Já entre os prefeitos e vices, a distância foi pequena: Doria ficou com 12,9% e Leite 11,9%.

No grupo de governadores e vices, senadores e deputados federais, bem como ex-presidentes do PSDB, o paulista também obteve vitória apertada: 13% dos votos, enquanto o gaúcho somou 11,5%.

Deputados estaduais e vereadores representavam juntos 25%. No primeiro grupo ganhou Doria (6,8%), enquanto Leite teve (5,5%). Apenas entre os vereadores o gaúcho ficou na dianteira, somando 6,5% frente a 5,9% do paulista.

Nos dias que antecederam a primeira votação, Leite e Doria já procuravam baixar a temperatura publicamente: fizeram um último debate morno e ensaiaram um discurso de unidade durante uma reunião em Porto Alegre. Nos bastidores, a briga voto a voto seguiu até o final.

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