A Polícia Federal já identificou o eleitor cujos áudios divulgados em grupo de WhatsApp de moradores do Distrito de Nativo de Barra Nova resultaram em abertura de inquérito policial na Delegacia da PF em São Mateus por suposta oferta de vantagem em troca de voto, após formalização de denúncia anônima ao Ministério Público. O alvo das investigações sob o comando do delegado Evandro Escobar de Almeida é o vereador e candidato à reeleição Adeci de Sena (PP).
Conforme informações da Polícia Federal, os áudios que implicam o parlamentar da base danielista na Câmara de São Mateus foram publicados em grupo de WhatsApp no dia 25 de maio de 2024 por um homem que demonstra conhecer Adeci de Sena e que, após confessar ter recebido três caçambas de areia do vereador, assegura que votará no candidato à reeleição.
Ao analisar os fatos e fazer a transcrição dos áudios apresentados, a PF detalha que as peças contém duas imagens que demonstram conversas no grupo de WhatsApp em que, pelo menos, três participantes discutem uma situação de possível compra de votos.
“Na primeira mensagem, a pessoa denominada como W. envia um áudio de 1m02seg. Levando-se em consideração ser o áudio em anexo no processo de mesma duração
(06581725_Anexo_WhatsApp Audio 2024-05-25 at 10.07.52.ogg..mp3), segue transcrição: Eu pedi ao Adeci mesmo. Foi o Adeci que eu pedi mesmo. Não escondo não. Umas duas caçambas de terra. E sabe por que ele vai me dar? Por que eu vou votar nele. Então, ele vai me dar. Agora *(inaudível) faz as outras coisas pros outros, ou não fazem, é porque o povo não sabe pedir. O povo quer mandar. Faz isso, vereador. Faz aquilo, prefeito. Não. Eu sei pedir com educação. Eu peço a vocês, peço qualquer um as coisas com educação. Aí você consegue as coisas. Se vier pedir a mim, uma coisa comigo, bruto, eu não vou fazer nada. Certeza. Eu tô limpando o quintal do vizinho, que não tem nada a ver comigo. E ainda plantei mandioca no quintal dele ainda. Tá vendo? A hora que ele chegar aqui que eu nem sei quem é, a hora que ele chegar aqui falar: meu filho, o quintal tá aí ó. Colhe, também. Deixa um pedacinho pra mim, mas colhe metade e deixa metade pra mim, pronto, né? O negocio é fazer alguma coisa”.
Conforme a transcrição dos áudios que constam do inquérito da Polícia Federal, outra pessoa responde e, na sequência, W. envia em resposta um segundo áudio (de 14seg de duração): “Considerando este áudio ser o mesmo do anexado no processo de mesma duração (06581656_Anexo_WhatsApp Audio 2024-05-25 at 10.09.43.ogg..mp3) segue a transcrição: “Oh querido, ele é meu amigo também. Vou votar nele. Vota nele também que você vai ver. Se ele já fez muita coisa aqui, vai fazer muito mais. Se ele não fez nada, vai continuar não fazendo, se você acha que ele não fez nada”.
O morador W. também envia outro áudio, respondendo a uma mensagem anterior de uma pessoa no mesmo grupo de WhatsApp, com duração de 44seg: “Considerando este áudio ser o mesmo do anexado no processo de mesma duração (06581617_Anexo_WhatsApp Audio 2024-05-25 at 10.09.43 (1).ogg..mp3) segue a transcrição: Calma (…), calma. Estressa, não. A gente nem se conhece, cara. Se você não quiser (*inaudível), tá tudo bem. Você vai ver que eu não sou aquela pessoa que você tá aí chutando não, cara. Nessa terra inimigos, não se faz. Tá bom? Eu mesmo não faço inimigos por causa de política, por causa de nada não, cara. Calma. Vamo tomar uma cervejinha junto, não falar de política. Vocês que falam de política. Eu nem comento mais política. Eu só falei que o vereador vai me dar duas caçambas de areia. Se ele me der bem, se ele não me der, eu voto nele assim mesmo, tá! Não é troca não cara, valeu?”.
O OUTRO LADO
O CENSURA ZERO disponibiliza espaço para possíveis manifestações do vereador Adeci de Sena ou de sua defesa sobre o assunto abordado nesta reportagem.
Havendo retorno, o texto será atualizado.
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