O mecânico de motos Ronilson Martins, de 33 anos, registrou boletim de ocorrência no 13º Batalhão da Polícia Militar e representação criminal na 18ª Delegacia Regional de São Mateus contra um cabo PM por agressão e abuso de autoridade, depois de ser acusado de um suposto roubo. O fato ocorreu na segunda-feira (13/07) em Nestor Gomes, Distrito de São Mateus, e teve muita repercussão pelo fato de o envolvido ser bastante conhecido no local. Além disso, vídeos com o registro da confusão foram postados nas redes sociais. Uma moradora que apontou o mecânico pelo suposto crime também foi processada por ele por calúnia, difamação e injúria.

Ronilson procurou o portal CENSURA ZERO e relatou que, na tarde de segunda-feira (17/07), quando retornava à oficina de motocicletas de sua propriedade (Ronilson Motos) para trabalhar, foi abordado por dois policiais militares que atuam na região e teve uma arma apontada contra ele: “Eles [cabo Fidel e soldado Messenilton] alegaram que eu tinha roubado e me chamavam de ladrão. Eu tirei o capacete, me identifiquei para eles, me disseram que não queriam saber de nada, que eu estava sendo acusado de suposto roubo. Desci da moto e tirei o capacete. No que tirei o capacete, ele [cabo Fidel] mandou eu encostar na parede, entendeu? Encostei na parede, ele me fez a revista normal. Após acabar a revista e não ter encontrado nada comigo, ele me perguntou: ‘cadê a arma e cadê o roubo?’!”.

Ronilson descreve que tentou argumentar que havia um mal-entendido. “Eu virei para ele e disse: ‘Você está confundindo as coisas, eu não sou ladrão. Sou proprietário, o senhor está dentro do meu estabelecimento me acusando de uma coisa que eu não fiz’. No que eu virei as costas para o cabo Fidel, ele me desferiu um tapa na nuca. Foi quando eu falei para ele: ‘Rapaz, você bateu no cara errado, porque eu sou um trabalhador”, afirmou o mecânico, acrescentando que a cena foi presenciada por um cliente e um funcionário da oficina.

Segundo Ronilson, o militar afirmou que uma senhora que se identificou como R.de S., que mora próximo à escola do Km 41, o havia apontado como suspeito de um roubo. Conduzido à presença da autora da acusação pelos policiais militares, Ronilson disse que ela não soube explicar o que teria ocorrido: “Eles já tinham me batido. E, quando chegou lá, ela falou que outra mulher é que falou que teria sido roubada. Foi quando o cabo Fidel chamou essa outra senhora. Ela chegou e falou que eu não tinha nada a ver com a situação do roubo”.

O mecânico conta que a vítima foi incisiva em afirmar que não era ele o suspeito, atestando que Ronilson é trabalhador. Todas essas cenas foram registradas em vídeo pela irmã de Ronilson por meio de um celular. O fato gerou uma grande confusão, porque as pessoas da comunidade teriam saído em defesa de Renilson. Outras testemunhas também gravaram vídeos.

“A comunidade foi contra a senhora R. de S., por estar me acusando o tempo todo desse suposto roubo, que eu não sei o que é, e o policial por ter me agredido. Então, a comunidade se revoltou com a PM, porque, em momento nenhum, eu me neguei ao policial de me fazer a revista, não. Mas ele errou em ter me desferido um tapa. O tempo todo eu falei com que ele tinha mexido com o cara errado, e eu iria procurar meus direitos”, detalhou.

No relato ao CENSURA ZERO, Ronilson Martins disse que, quando a vítima assegurou que ele não era o autor do roubo, o cabo Fidel pediu para ele voltar à oficina de motos. “Dei meus documentos para ele, com meus dados, e depois ele me falou para eu poder tirar por menos, que o tapa que ele tinha me dado não passava de uma educação, que me pai não soube me dar. Foi uma coisa muito feia, que nunca aconteceu comigo. Constrangimento mesmo”, afirmou o mecânico, frisando que nunca foi acusado de roubo nem agredido pelo pai como ocorreu.  

ADVOGADA E PROVIDÊNCIAS

Ronilson Martins constituiu a advogada Camila Ebert, que o acompanhou no registro do boletim de ocorrência por abuso de autoridade e constrangimento público, relatando o tapa desferido pelo cabo Carvalho, e também foi providenciada a representação dos PMs na Polícia Civil. A advogada destaca que Ronilson registrou boletim foi ao hospital antes de fazer o exame de corpo de delito, que comprova a agressão sofrida.

“Com relação a R. de S., tem as providências são na esfera cível. Entraremos com processo já amanhã (sexta-feira, 17/07), com uma indenização por danos morais. E, na esfera criminal, por difamação e calúnia, com base no boletim de ocorrência. Vou representá-la mediante queixa-crime, para que ela responda criminalmente”, detalhou Camila Ebert, encaminhando cópias dos documentos ao CENSURA ZERO. Os relatos feitos à Reportagem constam dos depoimentos oficiais registrados pela Polícia Militar e pela Polícia Civil.  

BOLETIM DO BOLETIM UNIFICADO-SESP:


REGISTRO DA OCORRÊNCIA NA POLÍCIA MILITAR:

REPRESENTAÇÃO CRIMINAL NA POLÍCIA CIVIL:

O OUTRO LADO

O CENSURA ZERO tentou contato com o Comando do 13º Batalhão da Polícia Militar para buscar informações sobre o caso, mas a ligação não completava no telefone fixo indicado (3767-7600). A Reportagem encaminhou, por mensagem eletrônica, as informações para a Diretoria de Comunicação Social da PMES e aguarda posicionamento oficial da corporação.

O CENSURA ZERO não conseguiu contato com o Cabo Fidel e com a moradora R. de S., para apresentarem suas versões sobre os fatos apresentados na reportagem. No entanto, disponibiliza espaço para que possam se posicionar a qualquer tempo.

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