POR MATILE FACÓ*
Aqui estou eu, olhando para trás, para as lembranças enterradas profundamente nas gavetas empoeiradas da minha mente. Às vezes, parece que foram séculos atrás, mas as memórias da minha infância ainda brilham como estrelas cadentes no céu noturno da minha mente.
Lembro-me das manhãs quentes de verão, quando o sol iluminava o mundo como uma lâmpada de 100 watts. Eu costumava sair de casa cedo, quando o asfalto ainda estava fresco sob meus pés descalços. O chão queimava, mas isso não importava. Eu tinha um destino claro: a velha loja de doces da esquina.
O sino na porta sempre fazia um tilintar alegre quando eu entrava. A senhora que gerenciava o lugar sorria com gentileza enquanto eu olhava para os potes de vidro cheios de guloseimas coloridas. Não havia ansiedade, não havia pressa. Eu estava no meu próprio mundo doce, escolhendo com cuidado as minhas delícias do dia.
As tardes eram para aventuras. Eu e meus amigos éramos exploradores destemidos, enfrentando selvas desconhecidas no quintal dos fundos ou navegando mares perigosos em nossos barcos de papel. Cada arbusto se transformava em uma floresta densa, e cada poça de água era um oceano inexplorado. Éramos heróis de contos épicos, e o mundo era o nosso playground.
À noite, sob o abraço acolhedor das cobertas, minha mãe lia histórias para mim. Ela fazia as palavras ganharem vida, e eu viajava para terras distantes sem sair do meu quarto. A magia das histórias me envolvia, e eu sonhava com dragões, fadas e aventuras incríveis.
E então havia os dias chuvosos. O som da chuva batendo nas janelas era uma sinfonia suave que convidava à introspecção. Eu me aconchegava em uma cadeira com um livro nas mãos, perdendo-me em mundos criados por mentes brilhantes. A chuva lá fora podia durar horas, mas o tempo parecia suspenso quando eu estava imersa na leitura.
Lembro-me das risadas na escola, das brincadeiras no parque e das festas de aniversário com bolo e balões. Cada dia era uma aventura esperando para acontecer, uma página em branco pronta para ser preenchida com histórias incríveis.
Às vezes, na correria da vida adulta, esqueço esses momentos simples, mas preciosos. Eles eram as pérolas escondidas no colar da minha infância, os momentos que moldaram quem eu sou hoje.
Hoje, quando a pressão do mundo adulto parece esmagadora, gosto de olhar para trás e encontrar conforto nas lembranças daquela garotinha com os olhos cheios de maravilha. Ela ainda vive em mim, aquela criança que encontrava alegria nas coisas mais simples.
E enquanto o tempo continua sua marcha implacável, uma coisa é certa: essas memórias nunca perderão seu brilho. Elas são como estrelas cadentes que deixaram rastros luminosos na minha alma, lembrando-me de que, mesmo nos dias mais sombrios, há sempre um pouco de luz das lembranças da infância para me guiar.
*MATILE FACÓ nasceu e mora em Fortaleza-CE. É autora do ebook Enigmas e Amizade -uma obra cativante voltada para o público infantojuvenil, lançado na plataforma Amazon; e participou de diversas antologias literárias. É também blogueira e escritora de crônicas e poesias em seu blog pessoal, explorando temas profundos e inspiradores sobre a jornada humana. | Instagram perfil pessoal: @mafilefaco Instagram perfil literário:@meu.universo.inteiro
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