POR MATILE FACÓ*
É engraçado como a vida nos coloca diante de encruzilhadas inesperadas, como aquelas que você não planejou, mas que acabam sendo exatamente o que você precisa. Às vezes, parece que o universo tem um senso de humor peculiar, e ele gosta de brincar com nossas certezas.
Foi uma dessas reviravoltas que me fez encarar o poder da vulnerabilidade de frente. Eu costumava ser aquela pessoa que guardava seus sentimentos como um tesouro secreto, trancado em um cofre escuro, longe dos olhos curiosos do mundo. Achava que ser forte significava esconder minhas fraquezas, sorrir mesmo quando estava quebrada por dentro.
Mas a vida, essa velha mestra, tinha outros planos para mim. Um dia, em um daqueles momentos em que você se sente pequena diante do caos do mundo, eu me encontrei compartilhando minha história com um estranho em um bar decadente. Ele era um completo desconhecido, um rosto que eu nunca veria de novo, e, no entanto, ali estava eu, despejando meus segredos mais profundos como se minha vida dependesse disso.
Talvez tenha sido o ambiente escuro e enfumaçado, ou talvez tenha sido o efeito do bourbon que escorregava pela minha garganta, mas algo dentro de mim se libertou naquela noite. Foi como se uma comporta se abrisse, inundando-me com uma torrente de emoções que eu não sabia que carregava.
Falei sobre minhas lutas, sobre as noites insones em que questionava o sentido da vida, sobre os amores perdidos e as cicatrizes que eles deixaram. Falei sobre meus sonhos e medos, sobre as vezes em que sentia que estava à beira do abismo, prestes a cair.
O estranho ouviu, sem julgamentos, sem conselhos. Ele apenas escutou. E, de alguma forma, foi o suficiente. Naquela noite, compartilhei minha vulnerabilidade, e isso me fez sentir viva de uma maneira que eu não tinha sentido em muito tempo.
Descobri que a vulnerabilidade não é fraqueza; é coragem. É a coragem de mostrar ao mundo quem você realmente é, com todas as suas falhas e imperfeições. É a coragem de admitir que, às vezes, a vida é uma bagunça e que você não tem todas as respostas. É a coragem de se conectar com outros seres humanos em um nível mais profundo, porque, no fundo, todos nós compartilhamos as mesmas lutas e alegrias.
Desde aquela noite, aprendi a abraçar minha vulnerabilidade. Não tenho medo de chorar, de admitir minhas dúvidas, de mostrar meu verdadeiro eu. E, surpreendentemente, quanto mais eu compartilho, mais me sinto conectada com as pessoas ao meu redor.
A vulnerabilidade criou pontes entre mim e aqueles que amo. Ela trouxe compreensão, empatia e solidariedade. Descobri que não estou sozinha nas minhas lutas, que todos nós carregamos nossos fardos e que, juntos, podemos tornar essa jornada um pouco mais leve.
Então, aqui estou eu, compartilhando minha história com você, querido leitor. Porque, no final das contas, é através da vulnerabilidade que encontramos nossa força, nossa autenticidade e nossa conexão com os outros. É um lembrete de que somos todos humanos, todos quebráveis, e é exatamente isso que nos torna belos.
*MATILE FACÓ nasceu e mora em Fortaleza-CE. É autora do ebook Enigmas e Amizade -uma obra cativante voltada para o público infantojuvenil, lançado na plataforma Amazon; e participou de diversas antologias literárias. É também blogueira e escritora de crônicas e poesias em seu blog pessoal, explorando temas profundos e inspiradores sobre a jornada humana. | Instagram perfil pessoal: @mafilefaco Instagram perfil literário:@meu.universo.inteiro
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