POR ANDRÉ OLIVEIRA*

A atual administração municipal se depara com muitos desafios nesse início do mandato do prefeito Marcus Batista, o Marcus da Cozivip (Podemos), e não podia ser diferente. Até antes das Eleições 2024, era sabido que, independentemente de quem fosse eleito, as dificuldades seriam enormes para dar uma resposta imediata à população mateense, ávida por soluções para os problemas que se acumularam em todas as áreas em virtude dos oito anos de retrocesso impostos ao Município pelo ex-prefeito Daniel Santana, o Daniel das Festas (PDT).

-É isso mesmo! Em São Mateus, não houve atraso – como ocorreu em época passada na vizinha Linhares. A Rainha do Cricaré amargou oito anos de retrocesso, perdendo espaço no desenvolvimento regional para municípios com muito menos população, receita e importância geopolítica, passando de um cenário promissor de desenvolvimento econômico-social até 2016 para um quadro catastrófico de inversão de valores e prioridades, com frequência assídua no noticiário policial e a gestão sendo citada como case de sucesso da PF e da Justiça Federal em palestras sobre combate à corrupção e mau uso do dinheiro público.

-Não precisa de muito esforço para constatar que muita gente em São Mateus – alguns até que participaram direta ou indiretamente do estrangulamento dos cofres públicos – busca solução a curto prazo para todas as mazelas da Cidade herdadas pelo ex-Chefe do Executivo, em alguns aspectos, com a colaboração da antiga composição da Câmara de Vereadores, sobretudo nos anos de 2021 e 2022.

-Como gestor bem-sucedido no setor privado, Marcus da Cozivip, desde a campanha eleitoral assessorado por políticos experientes (ex-prefeitos e ex-secretários municipais), sabia que não teria vida fácil nos primeiros três meses à frente da Prefeitura de São Mateus; e que as dificuldades não seriam poucas diante do cenário lamentável que transformou a sede do Executivo em reduto preferencial de ações da Polícia Federal até poucos dias antes da posse do novo gestor.

-Quem acompanhou, minimamente, as atividades da transição de governo, de outubro a dezembro de 2024, percebeu que se tratou mais de um movimento protocolar para ter acesso à documentação mínima visando ao início das atividades das secretarias a partir de 1º de janeiro de 2025. Mas isso não impediria que fosse traçado um plano de ações prioritárias em cada pasta, porque a situação caótica no ‘Escondidão da Alberto Sartório’ nunca foi segredo para ninguém.

-O que se observa é que, guardando características do gestor e devidas proporções contextuais, a gestão Marcus da Cozivip teve início de forma bem parecida à que, em 2021, o então vice Aílton Caffeu assumiu as funções de prefeito em exercício por três meses, durante a prisão temporária e posterior afastamento de Daniel das Festas, após o escândalo da Operação Minucius.

-Naquela época, Caffeu não entendeu que o Município precisava de ações emergenciais práticas aliadas a um choque de moralidade na gestão pública, de maneira a estancar o retrocesso que São Mateus enfrentava desde 2017 com o prefeito que ele havia ajudado a reconduzir ao poder. Ex-vereador popular experiente mas despreparado para o Executivo, Caffeu buscou auxiliares desatualizados com aquele momento político-social da Cidade. Resultado: não ajudaram no diálogo com a Câmara de Vereadores e mantiveram internamente, na forma de servidores ou ações, ‘fantasmas’ que seguiram agindo para que o prefeito afastado retornasse ao comando da Prefeitura com seu modus operandi de interesses contrários às necessidades da população.

-No cenário de agora, o quadro é outro: Marcus da Cozivip mostra-se preparado para chefiar o Executivo. Quando se expressa, passa a firmeza de quem sabe onde quer chegar e levar o Município. Mas, até pelo leque de alianças, deixou para definir os nomes do secretariado ao longo do primeiro mês de gestão – há alguns cargos ainda na vacância -, e, para usar uma linguagem do futebol, o time, de bom perfil, ainda não está bem treinado quanto à assimilação técnica e à estratégia tática do treinador.

-Alguns secretários precisam mais de ajuda do que outros, por conta do enfrentamento ao grande número de demandas sociais e que sofrem mais influência política: educação, saúde, obras, infraestrutura, transporte público coletivo, abastecimento de água, assistência social, agricultura. Para esses, o treinador precisa dar uma atenção especial, definir táticas especiais, ou não renderão satisfatoriamente no time, com possibilidade de gerar mais problemas! A gestão desastrosa de Daniel das Festas deixou sequelas graves em todas as áreas e, praticamente, não houve planejamento de ações prioritárias sobre nada. Precisa ser feito agora, com a devida comunicação pública.

-Aliás, há secretários cujas pastas exigem uma comunicação constante com a sociedade, para evitar ruídos, produção/distribuição de fake news (notícias falsas), desinformação e mostrar transparência no passo a passo de ações, que, na esfera pública, são burocráticas. É preciso explicar porque não pode haver o imediatismo cobrado, mas detalhar a tramitação. Isso é comunicação! O Prefeito faz a parte dele, mas alguns secretários precisam ser instruídos (e conscientizados) para isso.

-Outra correção imediata a ser feita pela gestão é quanto à lacuna na articulação institucional social e política com a Comunidade Mateense, com reflexos também na Câmara de Vereadores. Urge, por exemplo, a definição do Líder do Prefeito – o que, pelo perfil dos parlamentares, também não é tarefa fácil. Os assuntos/temas do Poder Executivo têm sido apresentados de forma desorganizada no Legislativo. Cabe ao futuro Líder organizar esses debates, enquanto ainda se está no início dos trabalhos.

-O clima começa a esquentar também na Câmara Municipal. E, à medida que o perfis dos vereadores começam a ser evidenciados, demanda mais atenção do prefeito Marcus da Cozivip!

ESTÁ ESCRITO!

“A política não deveria ser a arte de dominar, mas sim a arte de fazer justiça” (Aristóteles).

ESTÁ CANTADO!

“Hoje eu vou comer pão murcho
Padeiro não foi trabalhar
A cidade tá toda travada
É greve de busão, tô de papo pro ar

Tem fiscal que é partideiro
Motorista, bicheiro e DJ cobrador
Tem quem desvie dinheiro e atrapalha o padeiro
Olha aí, seu doutor!

Eu que odeio tumulto
Não acho um insulto manifestação
Pra chegar um pão quentinho
Com todo respeito a cada cidadão”
(Criolo, na música ‘Fermento Pra Massa’).

CONTATO

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*ANDRÉ OLIVEIRA é radialista e jornalista com 34 anos de experiência; é Diretor de Jornalismo e Conteúdo do site CENSURA ZERO.

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