Começa neste domingo (16/10), na capital, Pequim, o Congresso do Partido Comunista da China. É a maior e mais importante reunião do país, cujo objetivo é escolher a futura liderança chinesa entre centenas de candidatos para o Comitê Permanente do Politburo Central (mais conhecido como Comitê Central).
O congresso acontece a cada cinco anos e apesar da impressão de escolha, antes da eleição em si, muitos nomes são vetados, ou seja, é uma mera formalidade para apresentar os escolhidos do Partido para os cargos correspondentes.
Há grande probabilidade de que o atual líder chinês, Xi Jinping, continue na liderança do Comitê Central, recebendo um terceiro mandato de cinco anos. No congresso, ele apenas formalizará a conclusão do mandato de dois anos, mas, na prática, manterá o posto e conduzirá as principais decisões do Partido e da China, incluindo as próximas eleições presidenciais.
Restrições ao cristianismo
Se a estrutura atual permanecer, Xi Jinping será o líder das três esferas mais poderosas chinesas: o Partido Comunista, o Estado e a Guarda Militar. Nos últimos dez anos, Xi implementou medidas restritivas ao cristianismo, principalmente pela oposição à influência Ocidental, ou seja, contra tudo que seja estrangeiro. Outro motivo é a sinização, a tentativa de unificar a cultura e religião sob valores ditados pelo governo e tornar a sociedade chinesa homogênea. O objetivo é alterar o cristianismo conforme a ideologia do país e controlar as decisões e discursos da igreja.
A sinização resultou em centenas de igrejas fechadas, restrições na internet e a substituição da cruz nas entradas das igrejas e outros símbolos cristãos por bandeiras da China ou do Partido Comunista. As Igrejas das Três Naturezas, consideradas oficiais, foram reclassificadas como centros culturais. O Partido também ordenou que propagandas comparando os ensinos do confucionismo, religião tradicional chinesa, com a Bíblia fossem expostos nos templos.
Igreja secreta crescente
Mesmo nos pequenos grupos, nas igrejas domésticas, a vigilância é intensa. As autoridades conhecem os líderes das igrejas e observam se cada palavra está alinhada com o discurso nacional ou não. Quando acontece alguma violação contra cristãos, como prisões injustas e agressões, as autoridades não defendem os direitos humanos apenas por causa da religião.
Outro motivo que preocupa o presidente Xi Jinping é a quantidade e a união dos cristãos. Xi vê o crescimento da igreja como uma ameaça ao Partido Comunista e ao poder, por isso tenta minar e controlar ao máximo a presença dos cristãos na China. Apesar disso, a igreja permanece, dividindo páginas da Bíblia entre si, programando pequenos grupos de estudos bíblicos em segredo para não chamar atenção, e usando os recursos virtuais para fazer cultos e manter o contato entre si.
Mesmo com a crescente perseguição a cristãos na China, que ocupa o 17º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2022, tem-se estabelecido estratégias para que a igreja sobreviva à perseguição na China e os parceiros locais da Portas Abertas fazem parte desse trabalho.
Cristã presa por organizar igreja doméstica na China
“Enquanto todos dormiam, eu orava”, conta Xiao Ai sobre os dias na prisão
A realização do 20º Congresso do Partido Comunista na China aumenta a apreensão pelo destino dos cristãos chineses. As decisões do Congresso de 2018 foram o início de grandes mudanças, com aumento da fiscalização sobre atividades religiosas não reconhecidas pelo governo, como o cristianismo. O atual líder chinês, Xi Jinping, acredita que os cristãos têm grande influência ocidental e estrangeira, por isso considera a religião uma ameaça.
A cristã Xiao Ai (pseudônimo), por exemplo, foi presa durante 10 dias por organizar uma igreja doméstica. Ela é uma entre muitas cristãs que não apenas viu, mas vive a pressão das restrições religiosas chinesas.
Presa por organizar uma igreja
Xiao tem quase 40 anos e quando viu o guarda entrando em sua casa não hesitou em afirmar que ela era responsável pela reunião: “Eu sou a dona desta casa e a responsável pelo culto. Minha mãe está doente, por isso convido meus amigos para que venham aqui e orem por ela. Sou a única responsável”.
Xiao já esperava que esse dia chegasse. No contexto de perseguição na China, era apenas uma questão de tempo até que o grupo caseiro fosse descoberto. O mesmo já havia acontecido em outras igrejas domésticas. Apesar dos riscos, a igreja tinha feito um cronograma de cultos, para evitar que todos fossem presos de uma única vez e fizeram o acordo de que apenas o líder se responsabilizaria e enfrentaria a consequência; no caso, apenas Xiao. O aumento da pressão desafiou os cristãos chineses, mas também permitiu que o Senhor concedesse sabedoria e criatividade às igrejas para sobreviverem.
Encontro com Deus na prisão
Mesmo no centro de detenção, Xiao viu o agir de Deus. Olhando para a cela, Xiao não via uma limitação, mas apenas um espaço diferente onde teria que praticar a fé em Jesus e onde poderia compartilhar o evangelho. Na prisão, eles precisavam executar tarefas durante a noite. Xiao viu nisso uma oportunidade para orar. Enquanto todos dormiam, ela trabalhava orando ao Senhor e sentia o vigor e cuidado dele nesses momentos.
“Acredito que o Senhor tinha dois grandes objetivos para mim na prisão. Primeiro, que eu evangelizasse meus colegas de prisão. Eles precisavam ouvir as boas novas. Mesmo que eles não creiam, devo fazer minha parte e testemunhar o amor de Deus. Em segundo lugar, eu estava tão atarefada no ministério que não parava para me aproximar com profundidade de Deus. Ali estávamos apenas eu e ele”, disse Xiao.
Pedidos de oração
-Ore pela vida e ministério da cristã Xiao e pela igreja que ela lidera.
-Rogue ao Senhor que conduza as decisões no Congresso do Partido Comunista na China e os próximos governantes a serem escolhidos.
-Interceda pelos cristãos perseguidos na China para que estejam fortalecidos em Jesus.
CENSURA ZERO – AQUI TEM CONTEÚDO! | FONTE: PORTAS ABERTAS | PROJETO VISÃO ATALAIA | COORDENAÇÃO: ANDRÉ OLIVEIRA