Quando se pensava já ter visto de tudo quanto a aberrações envolvendo a atual gestão pública em São Mateus, em clima de comemoração com a contagem regressiva para o fim do mandato do prefeito Daniel Santana, o Daniel das Festas (PDT), eis que surge a zombaria final com as autoridades constituídas e a Comunidade Mateense.
O chefe da milícia digital (gabinete do ódio) que assessora o prefeito Daniel das Festas e atua em parceria com a Secretaria Municipal de Comunicação (Secom-PMSM) obteve autorização da Prefeitura de São Mateus para percorrer as escolas municipais exibindo, como se fosse um documentário relevante, um vídeo contendo desinformação que teria custado R$ 50 mil de verba pública federal.
Trata-se do mesmo criminoso que, sem qualquer punição, zombou da Justiça Eleitoral travestindo-se de delegado da Polícia Federal, simulando estar armado e parando veículos em via pública em flagrante campanha em 6 de outubro, dia da votação nas Eleições Municipais de 2024 [veja vídeo].
Dinheiro público federal
Sentado nesse trono da impunidade, a milícia digital está propagando em sua rede de sites, grupos de Facebook e WhatsApp, já bastante conhecida das autoridades policiais, do Ministério Público e do Judiciário, que “as escolas do município de São Mateus estão recebendo uma visita especial: a equipe do Boca Produções está apresentando o vídeo documentário do Projeto Ritmos e Raízes – Congo da Pedra D’água”.
Por tudo o que o gabinete do ódio tem aprontado em São Mateus, com a prática reiterada e acobertada de crimes virtuais e físicos, resultando em graves prejuízos para a sociedade, não poderia ter havido data melhor para a estreia. O início das exibições autorizadas pela Prefeitura de São Mateus foi em 13 de dezembro, a última sexta-feira 13 de 2024, para ‘terror’ dos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Dr. Arnóbio Alves de Holanda, no Bairro Cohab.
O projeto do chefe do gabinete do ódio com a pretensão de “incentivar o fortalecimento das tradições culturais do Congo no município de São Mateus” foi escolhido pela Secretaria Municipal de Cultura para o recebimento de R$ 50 mil da verba pública federal da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura. O amigo do prefeito Daniel Santana foi contemplado em detrimento de projetos de autoria de nomes renomados da cultura de São Mateus, como Oscar Ferreira, Mecenas, César Domiciano, Jonas Bonomo e Musa Marina.
A quantia de R$ 50 mil do projeto é bem superior à destinada a entidades tradicionais da área sociocultural em São Mateus, como a Lira Mateense (contemplada com R$ 15 mil), e causou suspeitas à época, gerando denúncia pública feita na Câmara de São Mateus pelo presidente Paulo Fundão (União Brasil).
“Documentário” de 5 minutos?
O CENSURA ZERO apurou que o conteúdo que a milícia digital está chamando de “documentário” é um vídeo de forçados 5 minutos e 44 segundos, postado no dia 8 de dezembro de 2024 no YouTube, em canal da milícia digital que tem pouco mais de 500 inscritos [os crimes contra a honra e achincalhamento público são praticados em larga escala no Facebook e grupos de WhatsApp].
“O vídeo, definitivamente, não é um documentário. Claramente, traz alguns dados de domínio público na internet mesclados com imagens aéreas de drone do Bairro Pedra D’Água. Não há entrevistas com moradores, bandas ou grupos de congo. O vídeo sequer identifica o personagem [músico] que faz as narrativas históricas e aparece sentado numa praça no Centro de São Mateus; nem para isso foi o usado o Bairro Pedra D’Água”, detalha um Consultor ouvido pelo CZ.
O Consultor analisa que, ainda que a produção artística e cultural seja de valor econômico livre e não seja possível fazer a precificação de uma produção audiovisual de terceiros, o conteúdo entregue ao público está bem aquém do que se poderia esperar em projeto contemplado pela Prefeitura de São Mateus com R$ 50 mil de verba pública do Governo Federal.
“Não há uso de equipamentos não triviais que encarecessem a produção, nem profundidade histórica, jornalística ou de pesquisa… Sem contar que há até propagação de desinformação geográfica no vídeo, quando é citado que ‘São Mateus tem relevo montanhoso’; é um aspecto negativo para exibição em escola”, acentua o Consultor do CZ.
Veja a lista completa dos projetos contemplados e os não contemplados pela PMSM com verba pública do Governo Federal: CLIQUE AQUI!
O OUTRO LADO
O CENSURA ZERO disponibiliza espaço para possíveis manifestações do prefeito Daniel Santana, do chefe do gabinete do ódio, representantes de órgãos públicos, entidades ou artista citado nesta reportagem.
Havendo retorno, o texto será atualizado.