POR ANDRÉ OLIVEIRA | JORNALISTA (MTE 1.408-ES)

Em mensagem a “educadores e colegas de trabalho” feita na manhã desta segunda-feira (27/12), por meio das redes sociais, a ex-secretária de Educação Edna Rossim afirmou que sofria “perseguição repugnante e veemente” do vereador Cristiano Balanga (Pros), ex-líder do prefeito Daniel Santana na Câmara Municipal. Segundo Edna, isso começou a ocorrer a partir do momento que, no exercício do cargo, barrou a ingerência do parlamentar no Setor de Transporte Escolar da Prefeitura de São Mateus, inclusive com “orientação em processos de licitação e outros assuntos”. Ela precisou abrir dois boletins de ocorrência contra Balanga por abuso de autoridade, truculência e acusações com calúnia, difamação e injúria.

“Sofremos perseguição repugnante e veemente de vereador, pessoalmente e nas redes sociais, principalmente pela nossa nova organização do transporte escolar, setor no qual ele deixou de interferir, a partir do momento que assumimos”, relata Edna Rossim, num texto longo e detalhado de sua atuação de quatro meses na Secretaria Municipal de Educação.

A ex-secretária foi enfática em suas afirmações: “Este vereador já havia trabalhado como coordenador [Setor de Transporte Escolar] e, nos dois primeiros meses que fui secretária no governo de Daniel, quem coordenava o setor de transporte escolar era um ex- empresário, que, segundo se relatou, o parlamentar o orientava em processos de licitação e outros assuntos”. Edna relata que, quando não aceitou, por diversas razões, a permanência do Coordenador do Transporte Escolar, que era cargo sob a indicação do vereador Balanga, ela passou a ser “alvo de todo o tipo de perseguição”.

“Por duas vezes fui tratada de forma desrespeitosa por esse vereador, que gerou Boletim de Ocorrência e duas reuniões com vereadores para solicitar providências em relação ao comportamento do parlamentar. Protocolizei um pedido de retratação na Câmara de Vereadores e a Presidência da Casa não nos deu retorno. Ao contrário, me convocou para prestar esclarecimentos no Parlamento e permitiu que, na plateia, tivessem velhos conhecidos adoradores de Daniel, propagadores de fake news, desferindo xingamentos e agressões verbais”, relatou Edna Rossim, referindo-se à milícia digital (gabinete do ódio), que tem o apoio do prefeito Daniel Santana e dos vereadores Paulo Fundão (presidente da Câmara Municipal), Kacio Mendes (vice-presidente e corregedor da CMSM) e Cristiano Balanga (ex-líder do prefeito Daniel).

A ex-secretária questiona: “Por que esses fatos ocorriam? Por que tanta ira sobre quem tanto trabalhou dia e noite e só fez o bem e a coisa certa? Será que estavam temendo o desvendar de alguma ‘situação ilícita’ que praticaram e temiam ser descoberta?”.

Edna Rossim esclarecer que, como secretária de Educação, não tinha hora para chegar e para sair do trabalho: “É assim que sempre servi ao Município. Sempre entravámos às 7h da manhã e saíamos às 20h ou 21h. Turnos normais e, em outras situações, por excesso de demandas, reuniões e fechamento de agendas, até as 22h”.

CONFUSÃO NO RETORNO DE DANIEL

Edna relata que na quarta-feira, dia 22/12/2021, ela e a subsecretária Elisângela Rocio saíam tarde da Secretaria de Educação e, quando souberam havia sido concedida liminar para que o prefeito afastado Daniel Santana retornasse ao cargo, decidiu que pegariam seus pertences pessoais sob o comando dos guardas patrimoniais, porque não queriam seguir na Secretaria, “diante dos fatos ocorridos em sua gestão, das fake news e do conhecimento dos trâmites dos processos”.

“Fomos vítimas de pessoas mal-intencionadas e perseguidoras, coordenadas pelo tal vereador [Cristiano Balanga], que invadiu a Secretaria [de Educação], gravando vídeo, desqualificando uma secretária ainda no pleno exercício do seu cargo, esmurrando a porta da sala da Subsecretária com xingamento, julgamentos e berros, atitude desprezível para um parlamentar”, relata a ex-secretária no comunicado público.

Ela prossegue denunciando as atrocidades sofridas: “Fomos cerceadas e impedidas de sair do nosso local de trabalho por mais de 1 horas. Cercadas por vândalos violentos, que ameaçavam abrir nossos carros (propriedade privada). Fomos agredidas psicologicamente, difamadas e expostas em redes sociais de forma mentirosa, desrespeitosa e vil, fato o qual nos levou a acionar as vias legais em busca de justiça. Havendo a veiculação de imagens pessoais e profissionais sem a devida autorização, independentemente do meio tecnológico utilizado, haverá o dever legal de reparação, garantido pela nossa Constituição Federal, que prevê que a violação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas origina o direito a indenização pelo dano material ou moral”.

“Informo que, durante nosso período na gestão, fizemos dois boletins de ocorrência contra o vereador em questão [Cristiano Balanga] e outros seguidores do atual prefeito (os quais segmentos da Imprensa mateense costumam chamar de milícia digital (gabinete do ódio). O último deles se refere ao ato grave por eles cometido na SME, conforme comprovação por meio de vídeo propagado nas redes sociais”, frisou a ex-secretária.

RECURSO À JUSTIÇA

Ao término da mensagem aos educadores e colegas de trabalho, Edna Rossim reitera que, na gestão de quatro meses, atuou dentro da legalidade, ética, lisura e transparência no serviço público: “Não aceitamos nada errado, trabalhamos dentro da responsabilidade e no respeito às leis. Venho a público dizer que tenho um nome respeitado e honrado, uma carreira construída em 33 anos como educadora, consultora educacional, escritora e palestrante. Não pactuo com políticos corruptos nem me rodeio de pessoas de má índole. Jamais me calarei diante de intimidações. Combati o bom combate e, agora, é vida que segue”.

No entanto, diante dos fatos constatados, Edna salienta: “Recorrerei à Justiça para que a verdade prevaleça e para que estes senhores vis sejam, de fato, punidos pelos crimes que cometeram contra mim”.

O OUTRO LADO

O CENSURA ZERO tentou contato com o vereador Cristiano Balanga, mas as ligações para o telefone celular dele remetiam à caixa postal.

Também foi feito contato com o presidente da Câmara Municipal, Paulo Fundão, mas a ligação por telefone celular não foi atendida.

O vice-presidente Kacio Mendes, que regimentalmente é o Corregedor da Câmara de São Mateus, também não atendeu as ligações da Reportagem.

O espaço permanece aberto para a manifestação dos parlamentares sobre os assuntos tratados nesta matéria jornalística.

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