Polícia Civil e Ministério Público devem investigar invasão de porta-voz do prefeito Daniel à US-3 e ameaça a médico no atendimento à covid-19

Causou grande repercussão a ocorrência registrada pela Polícia Militar de invasão do porta-voz do prefeito Daniel Santana (PSDB) à US-3, com ofensas e ameaça a um médico que atendia pacientes na unidade que é referência da rede municipal para atendimento à covid-19. O médico acionou a PM, mas Dilton Oliveira Pinha, o Diltão de Daniel, fugiu do local antes da chegada da viatura policial.

O fato foi divulgado a diversos veículos cadastradas pelo Setor de Comunicação do 13º Batalhão da Polícia Militar, com sede em São Mateus. Mas, até a noite desse domingo (14/06), apenas o CENSURA ZERO havia publicado reportagem sobre a ocorrência de crime de desacato [veja aqui]. O assunto foi o mais comentado regionalmente na internet e nas redes sociais.

A credibilidade do veículo de comunicação permitiu que a informação oficial da Polícia Militar chegasse até diversas autoridades e lideranças da Comunidade Mateense, que garantiram que acionarão a Polícia Civil e o Ministério Público do Estado do Espírito Santo, por meio da 2ª Promotoria de Justiça Cível de São Mateus, “para que façam os devidos encaminhamentos no sentido de que o ato criminoso não fique impune”.

Representantes da Comunidade Mateense que repercutiram a reportagem do CENSURA ZERO nas redes sociais, entendem que “já passou da hora de as autoridades competentes tomarem providências efetivas com relação aos atos do assessor particular do prefeito Daniel Santana”.

O entendimento é que Diltão de Daniel, que já sofreu três condenações na Justiça em São Mateus e responde a cerca de 20 processos ativos sob acusação de diversos crimes, “tem convicção da impunidade, por ter a proteção do prefeito Daniel da Açaí, que, pelo cargo que ocupa, tem relacionamentos que o auxiliam nos âmbitos da Secretaria de Estado da Segurança Pública, do Ministério Público e do Poder Judiciário”.

O OUTRO LADO

Em sua defesa, Dilton Oliveira Pinha, o Diltão, divulgou vídeo e nota na rede de páginas Boca no Trombone, com a qual assessora o prefeito Daniel da Açaí e a Prefeitura de São Mateus. Ele acusou o médico de “negligência no atendimento a paciente em estado grave”, destacando que tentava ajudar no atendimento médico a um parente.

“O médico disse que iria atender 10 pessoas primeiro para depois atender o paciente, sendo que o protocolo da saúde determina que casos de urgência têm preferência no atendimento”, afirmou o assessor do prefeito.

Diltão de Daniel afirmou que a mãe do paciente que ele tentava ajudar “buscou dinheiro prestado e pagou uma consulta particular no valor de 300 reais no Hospital Meridional”, onde “o médico solicitou a internação do paciente com urgência no [Hospital] Roberto Silvares e solicitou uma tomografia e uma bateria de exames”.

Em nota, o porta-voz da administração municipal afirmou que foi à US-3 depois de orientação do secretário de Saúde, Henrique Follador, e fez questão de destacar que o prefeito Daniel da Açaí teve conhecimento do fato: “O Prefeito Daniel ficou sensibilizado com a situação da família e devolveu o dinheiro pago pela consulta particular”.